Materiais:
Enviada em: 06/08/2019

Consolidada ao longo do século XX, a denominada Revolução Técnico-Científico-Informacional, representou a principal responsável pela efetiva introdução tecnológica e desenvolvimento em áreas humanas que propiciaram um expressivo acréscimo na expectativa de vida e no uso cotidiano de aparelhos de acesso ao meio digital. Entretanto, embora tais efeitos sejam inequivocamente vantajosos, a escassa introdução do novo grupo de idosos -em ascensão- nesse meio virtual lhes nega uma série de benefícios e impede sua satisfatória inclusão digital e social na sociedade brasileira contemporânea.     Em primeira instância, convém salientar a existência de significativos benefícios advindos do uso da rede para indivíduos da terceira idade. Tal afirmação pode ser corroborada por um estudo recente da Universidade da Califórnia, segundo o qual, após o contato com computadores e aparelhos celulares, os idosos apresentam um maximização na atividade em áreas do cérebro responsáveis pela linguagem, leitura, memória e capacidades visual e de aprendizado, mitigando, substancialmente, sintomas de doenças características da idade avançada, tais como demência e Alzheimer. Desse modo, evidencia-se como as dificuldades enfrentadas pelos idosos no acesso a esses aparelhos constituem relevantes obstáculos à aquisição de tais melhorias cognitivas, bem como perpetuam sua exclusão digital e, devido ao papel exercido pela rede na pós-modernidade, um consequente isolamento social.   Outrossim, o personagem Gregor Samsa, desenvolvido por Kafka em sua obra "A metamorfose", sofre com uma completa negligência e desvalorização em função da perda de seu valor produtivo na sociedade capitalista na qual encontra-se inserido. De forma análoga, torna-se explícito como os idosos -que já não constituem parte da População Economicamente Ativa (PEA)- sofrem cotidianamente com um visível descaso do mercado para com esse grupo, haja vista a escassa oferta de aparelhos acessíveis, com conteúdos voltados a esse público que propicie inserção integral dessa faixa etária nesse meio, bem como a escassez de cursos próprios voltados à alfabetização digital dos idosos. Demonstra-se, dessarte, a urgência na execução de medidas cabíveis para reverter tal realidade.    Faz-se imperioso, portanto, que o Ministério de Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovações promova, por meio de parcerias com empresas privadas de computação e incentivos fiscais do Governo Federal, o desenvolvimento de aparelhos celulares e computadores adaptados às necessidades dos idosos, com letras maiores, aplicativos acessíveis e de fácil manuseio, objetivando uma maior acessibilidade do idoso aos meios virtuais. Amenizar-se-á, por esse viés, as dificuldades de inclusão digital de indivíduos da terceira idade no Brasil hodierno, problemática suscitada desde a consolidação da grande Revolução Técnico-Científico-Informacional.