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Enviada em: 09/08/2019

Em ''Black Mirror'', série antológica da Netflix, são narradas histórias pertencentes a um futuro distópico dominado pela tecnologia a qual manipula o comportamento social. Analogamente, na contemporaneidade brasileira, o desenvolvimento tecnológico tem tomado proporções semelhantes ao que é apresentado por tal obra fictícia. Com isso, cria-se a urgência da observação no que diz respeito à alfabetização digital dos idosos, já que a necessidade da inclusão dessa faixa etária no mundo da informática encontra respaldo no envelhecimento populacional e na premissa de inserção social e qualidade de vida. Logo, faz-se profícua a atuação da sociedade e do Estado para intervir na problemática.     Inicialmente, vale ressaltar que a estruturação social hodierna passa pelos processos de envelhecimento populacional e de avanço tecnológico. De acordo com levantamentos censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a proporção dos idosos na população nacional subiu de 3,9% para 5,1%. Nesse contexto, percebe-se a existência do analfabetismo funcional tecnológico dos idosos em decorrência de mudanças físicas e psicossociais ligadas ao constante progresso da telemática. Tendo em vista esses fenômenos, a alienação social, teorizada pelo filósofo alemão Karl Marx, é facilitada, e o indivíduo da terceira idade fica alheio diante a informações, a um tipo de lazer e à saúde, visto que a internet auxilia no aprendizado e na memória, de acordo com pesquisadores.                       Outrossim, o Estatuto do Idoso de 2003 assegura os direitos de inserção social e de qualidade de vida à população da terceira idade. Entretanto, tais direitos não são praticados com efetividade, visto que, com o avanço da indústria tecnológica, o acesso a serviços públicos estão cada vez mais informatizados e o analfabetismo funcional digital tendo a promover uma exclusão do meio social, bem como o aumento da dependência para a realização de atividades do cotidiano. Desse modo, averigua-se a ineficiência estatal em cumprir prerrogativas pautadas na lei que garantam a inclusão de idosos na sociedade por meio da educação tecnológica.          Em suma, a alfabetização digital dos idosos encontra barreiras estatais e sociais. Urge, portanto, que o Ministério dos Direitos Humanos em parceria com ONG´s dedicadas a serviços para idosos criem cursos gratuitos de informática e divulguem por meio de propagandas televisivas, para que ocorra o aprendizado da terceira a fim de saber lidar com o progresso tecnológico, além da promoção de lazer, saúde e integração social. Assim, a alienação tecnológica não será encontrada com facilidade na população idosa.