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Enviada em: 07/09/2019

Aprovado em 2003, o Estatuto do Idoso estabelece a obrigação da família, da comunidade e do Poder Público em assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação, entre outros, do direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer e à convivência familiar e comunitária. Contudo, mesmo com os avanços tecnológicos mudando o mundo e causando desafios para a inclusão digital da terceira idade, não foi incluído ao Estatuto qualquer medida para atenuar essa problemática. Destarte, é necessário analisar as consequências que essa ausência de ações governamentais vêm causando à esse grupo.       Faz-se mister observar, antes de tudo, o isolamento social que esses cidadãos estão sofrendo. Segundo Steve Jobs, um dos criadores da empresa "Apple", a tecnologia move o mundo. Dessa forma, estar atualizado quanto às novas transformações é imprescindível para acompanhar e se adaptar às mudanças na sociedade. Sem uma alfabetização digital, os idosos acabam se isolando do convívio, já que, hodiernamente, estar "conectado" nas redes sociais é a principal forma de interação entre familiares e amigos no dia a dia. Além disso, de acordo com o geriatra José Roberto Pelegrino, o indivíduo da terceira idade necessita estar sempre se atualizando e aprendendo coisas novas, ou então ele vai acabar "estacionando" no tempo, o que prejudica sua saúde mental e também, física.     Paralelo a isso, outro efeito do analfabetismo tecnológico dos idosos, é o maior gasto financeiro governamental. Isso ocorre por conta da dificuldade de implementação de meios mais desenvolvidos nos setores burocráticos, já que, sem aceitação geral da sociedade, é inviável mudanças como essas que não poderiam ser acompanhadas por todos que precisam usufruir dela. Isso porque, de acordo com pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 12% da população brasileira é composta por pessoas com mais de 60 anos. Assim, sem opção de reforma, o Estado fica preso a meios ultrapassados que causam mais gastos para todos os cidadãos. Tal situação de descaso pode ser explicada pela teoria de "anomia social", proposta por Durkheim, já que é bastante contraditório um país em desenvolvimento investir tão pouco em ações fundamentais para a população.       É necessário, portanto, que os atores governamentais trabalhem frente aos desafios de inclusão digital para idosos. Para tanto, o poder legislativo deve implementar uma nova lei no Estatuto do Idoso, na qual seja obrigatório o ensino tecnológico, custeado pelo Estado, para todos os cidadãos da terceira idade. Ademais, tal empreitada será executada por intermédio de cursos profissionalizantes de informática, ensinados por profissionais capacitados para lidar com a aprendizagem especial desse grupo, oferecidos em várias regiões do país, de forma a ser acessível para todos. Por fim, objetiva-se inclui-los na sociedade e, assim, cumprir seus direitos oferecidos pelo Estatuto do Idoso na prática.