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Enviada em: 28/08/2018

Grande parte dos indivíduos já presenciaram ao discurso daqueles que se recusam, veementemente, à vacinação. Se outrora esses eram, majoritariamente, compostos por idosos, doravante, são formados por jovens e adultos. Concomitante à herança histórico-social brasileira e ao silêncio dos cientistas, a mudança de faixa etária desse grupo "anti-vacina" deu-se pela popularização do uso da Internet e pela consequente difusão de falsas informações nas redes sociais. Tal atitude parte de outrem que busca autopromover-se, com base na criação de notícias de cunho sensacionalista e sem o aval científico, ganhando visibilidade e lucros indiretos à reprodução do conteúdo.        Essa banalização dos imunobiológicos no Brasil, teve origem na Revolta da Vacina, que ocorreu em 1904, no estado do Rio de Janeiro, como um levante contra a vacinação obrigatória, imposta pelo sanitarista e médico Oswaldo Cruz em coalizão com propostas de infraestrutura da prefeitura local. Na época, ocorria uma epidemia de varíola e de febre amarela, e a população não recebeu uma elucidação acerca da funcionalidade e importância dessas ações. Logo, em vista das reformas urbanísticas mal planejadas, que realocaram grande parte dos indivíduos em satélite à cidade, sob as periferias, surgiram boatos de extermínio dos pobres pela administração da vacina, resultando na citada revolta.       Posteriormente, um médico inglês, em 1998, numa jogada de marketing, publicou um artigo científico associando, inveridicamente, a vacina conta o sarampo à ocorrência de Autismo, visando ao lucro dos incentivos fiscais de grandes laboratórios, que propunham a criação de um novo imunobiológico "inofensivo". Apesar da comprovação criacionista dessa informação, as mentiras possuem maior influência psicológica nos indivíduos, que a verdade. Doravante, uma pesquisa publicada recentemente pela Universidade de São Paulo (USP), revelou que os maiores propagadores das noticias falsas são os "grupos de famílias" do aplicativo Whatsapp, visto que a informação é condensada em mensagem, sem fontes, e compartilhada sob a forma de correntes interpessoais.        Logo, o essencial para que esse quadro seja revertido é a contrainformação correta, por meio de propagandas promovidas pelo Ministério da Saúde, via rádio, televisão e, principalmente, Internet, informando os benefícios, efeitos colaterais e o mecanismo de proteção das vacinas. Somando-se a isso, a oferta de palestras e debates em grandes eventos de saúde coletiva, contando com especialistas no assunto, auxiliarão no esclarecimento dos indivíduos. Um exemplo positivo da estratégia é ilustrado pelo médico Jonas Salk, homônimo de uma vacina contra poliomielite, quando constatou, cientificamente, a eficácia de seu imunobiológico: fez um discurso no qual convocou à população e vacinou os seus filhos publicamente, obtendo amplo engajamento da sociedade.