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Enviada em: 16/10/2018

Pouco mais de 100 anos depois da famigerada Revolta da Vacina, o Brasil passa, em pleno século XXI, por uma situação parecida e ocasionada pela desinformação. De fato, os problemas são as notícias falsas divulgadas nas redes sociais. Entretanto, elas são baseadas, muitas vezes, em estudos forjados e financiados pela grande indústria farmacêutica. A perpetração de tal prática criminosa é o cerne do desafio a ser ultrapassado para garantir a vacinação da população e impedir as potenciais consequências relacionadas à saúde universal e a questões de convivência em sociedade.       O sociólogo Karl Marx, em seu livro "O capital", criticava o processo de reificação das relações sociais. Na problemática, isso se aplica às empresas que buscam estoicamente o lucro, mesmo que seja necessário onerar a saúde pública. Recentemente o ex-pesquisador Andrew Wakefield publicou, na conceituada revista Lancet, um estudo denunciando a relação entre o autismo e as vacinas. Meses depois, foi descoberto que ele recebia propina de grupos ligados à indústria farmacêutica para beneficiá-las. Todavia, ainda hoje, no Brasil, há pessoas que compartilham seu estudo como verdadeiro, o que contribui para a resistência às campanhas de vacinação do governo.      Segundo Hobbes, para o surgimento de um Estado as pessoas devem abrir mão de suas liberdades para conviverem harmoniosamente em sociedade. Não obstante, quando um certo grupo se opõe à vacinação, ele não está exercendo sua liberdade, mas sim violando o contrato social responsável pela homeostase entre os indivíduos. Em razão disso, países desenvolvidos, como os EUA, proíbem que crianças e jovens que não estão devidamente vacinados frequentem escolas e outros ambientes públicos. Por outro lado, no Brasil, o movimento tomou corpo devido ao fato de que parte da população não  tem uma consciência de coletivismo, direitos e deveres - sendo assim um outro obstáculo a ser superado pelos poderes e órgãos públicos.      É evidente, portanto, que esclarecer o surgimento de pesquisas falsas e tornar a sociedade ciente de sua unidade é substancial. A priori, o Governo Federal deve destinar mais recursos ao Ministério da Saúde para o combate às notícias falsas. Realizar-se-á, isso, destrinchando, por meio de comerciais e programas na televisão, casos pontuais e relevantes como o de Andrew Wakefield. O efeito de tal medida a médio prazo resultará no enfraquecimento persuasivo das fake news. Ademais, como ação mais pragmática, o MEC deve criar uma cartilha das principais vacinas disponíveis pelo Estado para que só com o devido cumprimento dela os pais possam matricular seus filhos na rede pública de ensino. Dessa maneira, a faixa etária abaixo dos 18 anos estará em dia com seu dever cidadão e consequentemente seus responsáveis serão motivados a seguir o exemplo.