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Enviada em: 18/08/2018

A ''Revolta da Vacina'' foi um levante popular contrário à lei de vacinação obrigatória, ocorrido no Rio de Janeiro, no início do século XX. Nesse contexto, as medidas sanitaristas acatadas, principalmente, pelo médico Oswaldo Cruz, causaram certo pavor na população devido à falta de informações sobre o que se tratava tais atitudes governamentais. Contudo, apesar de décadas passadas da revolta, os desafios na garantia da imunização dos brasileiros ainda são inúmeros. O crescimento das ''fake news'', em consonância com o isolamento regional e a falta de orçamento suficiente postergam a resolução.    O Programa Nacional de Imunização foi criado em 1973 e, segundo especialistas, foi crucial para a diminuição nos índices de mortalidade infantil. Entretanto, a desinformação compulsiva causada pela disseminação de notícias falsas, contribuem para a redução nos índices de vacinação e preocupam entidades governamentais. Segundo a Agência Brasil, apenas no ano de 2017, foram mais de 2,2 mil alertas de circulação de ''fake news'' feitos para o Ministério da Saúde. Entre as denúncias, estavam correntes infundadas e apelativas, que associavam vacinas à mortalidade e possuíam clamores e justificativas para que a vacinação não fosse realizada. Dessa forma, o perigo é expresso em números e, no ano passado, nenhuma das doses essenciais atingiu os almejados 95% de efetivação, aumentando o risco de surtos de doenças quase erradicadas, como o sarampo e a poliomielite.     Outrossim, destaca-se, também, as dificuldades de se imunizar quem se localiza em regiões isoladas e com baixos recursos disponíveis. Recentemente, a criação de um teto para gastos públicos, contribuiu para a diminuição nos valores direcionados para efetuação de uma saúde pública de qualidade, refletindo, conjuntamente, na distribuição de doses de vacinas pelo território. Com isso, localidades menos desenvolvidas de estados como Minas Gerais e Tocantins, têm seus centros de distribuição com estoque bem abaixo da demanda regional, sendo necessário, inclusive, a criação de listas de espera e o agendamento de horários para a aplicação das poucas doses que chegam.     O ainda insuficiente índice de vacinação se deve, sobretudo, a ação manipulatória de falácias no universo online e aos baixos capitais cedidos. Cabe, portanto a adoção de medidas capazes de reduzir o infortúnio. Logo, o Estado deve incentivar a denúncia e criminalizar a divulgação sem precedentes de conteúdos de origem duvidosa e caráter doutrinador, como forma de reprimir os compartilhamentos de forma irresponsável, sem a checagem da veracidade das informações; além da organização de grupos para a investigação e localização dos criadores do conteúdo. Bem como, é preciso haver maior controle de finanças e investimentos em saúde preventiva, com a compra dos fármacos necessários e contratação de profissionais, o que diminuirá gastos posteriores no controle de epidemias.