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Enviada em: 21/08/2018

Em 1904, as campanhas de imunização propostas pelo governo brasileiro a fim de erradicar epidemias e sanitizar a cidade do Rio de Janeiro desencadearam a Revolta da Vacina. De igual modo, no contexto atual, observa-se um crescente movimento contrário à promoção da imunização por meio de vacinas na população brasileira. Com isso, surge a problemática da vacinação que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela falta de orientação da população a respeito dos benefícios da vacinação, seja pela má distribuição dos investimentos públicos relacionados à imunização.       É preciso destacar, antes de tudo, a disseminação de notícias falsas como principal empecilho à vacinação. Com o advento da revolução técnico-cientifico-informacional, na década de 1970, a circulação de informações passou a ocorrer em escala global e de forma instantânea. Contudo, ao mesmo tempo que esse desenvolvimento encurta as distâncias, também auxilia na disseminação de informações equivocadas sobre as vacinas, o que faz com que grupos contrários à vacinação cresçam no país. Tal fato é comprovado por dados do Ministério da Saúde, os quais evidenciam uma queda na taxa de imunização de doenças como o sarampo, que atingiu apenas 70% do público-alvo, revelando, assim, um grave problema para a saúde pública.       Outrossim, a forma desigual da distribuição das verbas ligadas à imunização ativa também compromete a saúde dos indivíduos. A falta de abastecimento de vacinas, aliada aos episódios de surtos de doenças, ocasiona filas imensas nos postos de saúde, criando uma imagem de que a busca pelo serviço de profilaxia é sempre complicada. Assim, o governo falha ao não garantir aos cidadãos os preceitos estabelecidos pela Carta Magna de 1988, agravando o problema da imunização no país.       Torna-se evidente, portanto, a necessidade de ações efetivas para assegurar a imunização da população brasileira. Para isso, os governos municipais, juntamente com o Ministério da Saúde, devem promover campanhas por meio de palestras e distribuição de cartilhas informativas a fim de conscientizar a população acerca da importância da imunização. Ademais, o Poder Legislativo deve trabalhar na elaboração de leis com o intuito de punir aqueles que circulam qualquer tipo de notícia não verídica sobre as campanhas de vacinação no país. Cabe também ao Governo a disponibilização de verba para a saúde pública, visando ao abastecimento de vacina nos postos. As escolas, por sua vez, devem verificar o cartão de vacinação dos alunos no momento da matrícula, informando aos pais e às autoridades sanitárias sobre a ausência de alguma dose obrigatória. Somente desse modo, será possível garantir que uma segunda fase da Revolta da Vacina não seja uma realidade no Brasil.