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Enviada em: 20/08/2018

Não são poucos os fatores envolvidos na discussão acerca dos desafios para garantir a vacinação dos brasileiros. No início do século XX, o médico sanitarista, Oswaldo Cruz, comandou uma campanha de vacinação obrigatória no Brasil, ocasionando uma revolta popular devido à recusa e ao receio social. Contudo, apesar das vacinas serem consideradas grandes conquista humanitárias, ainda hoje inúmeras pessoas recusam-se à tomá-las. Logo, a fim de compreender o problema e alcançar melhorias, basta analisar o papel das notícias falsas nesse contexto e as consequências da não vacinação.     Em primeiro lugar, vale ressaltar que de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a aplicação de vacinas evita, todos os anos, 6 milhões de mortes. Todavia, uma parcela da sociedade é a favor do movimento antivacina, o qual coloca a vida de outros indivíduos em risco. Isso ocorre, sobretudo, em razão da divulgação de notícias falsas infundadas, conhecidas como fake news, como, por exemplo, a relação fictícia da vacina tríplice com o autismo. Com isso, uma parte populacional opta pela não vacinação, propiciando um problema sério de saúde pública. Para ilustrar, segundo o Ministério da Saúde, de nove vacinas prioritárias do calendário infantil, nenhuma atingiu a meta de 95% de imunização em 2017. Assim, nota-se que a desinformação culmina em decisões graves e imprudentes.    Ainda nessa questão, é fundamental pontuar que, devido ao crescimento do movimento antivacina, doenças consideradas erradicadas no país, podem expor à população ao risco de novas ocorrências. Vale salientar que, isso advém do surgimento de grupos de pessoas suscetíveis, em virtude da escolha de não se vacinar, que possibilitam a circulação de agentes infecciosos. Dessa maneira, o Brasil que em 2017 não contabilizou nenhum caso de sarampo, entre janeiro e junho de 2018 já registrou 1.686 casos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Nessa circunstância, percebe-se que há  inconformidade com a frase de Aristóteles, filósofo grego, "A base da sociedade é a justiça", haja vista que diversos cidadãos são contaminados em consequência da negligência de outros.     Nesse sentido, ficam evidentes, portanto, os elementos que colaboram com o atual quadro negativo do país. O Ministério Público, deve aumentar o monitoramento das informações irreais divulgadas online, por meio de investigações recorrentes, além de aumentar a eficácia e efetividade das penas punitivas, com o objetivo de reduzir, gradativamente, sua ocorrência. É imprescindível, também, que o Ministério da Saúde, realize campanhas sociais e palestras públicas com profissionais da área de saúde, a respeito da acessibilidade das vacinas, da importância da vacinação, das implicações de não se vacinar e desmistifique os medos da população, com o propósito de conscientizar o corpo social e viabilizar um aumento significativo de imunizações no país.