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Enviada em: 30/08/2018

Informar e adaptar para imunizar.        A revolta da vacina, no século passado, já evidenciava os desafios da vacinação no Brasil. Hodiernamente, tais dificuldades ainda persistem na sociedade brasileira e refletem a escassez de informação populacional a respeito da importância de tal ato para o corpo social, bem como a ineficácia das políticas públicas vacinais no país, frequentemente não adaptadas às novas realidades sociais, o que contribui para o reaparecimento de doenças na nação .        Diante disso, é indubitável que a escassez de espaços de diálogo sobre a vacinação com os pais, nas escolas brasileiras,  esteja entre as causas dessa problemática. Segundo Anísio Teixeira, a escola é responsável, também, pela construção de atitudes. Seguindo tal premissa, as instituições de ensino ao não dialogarem com os pais e os alunos sobre a importância da vacinação para os adultos e para as crianças, possibilitam a permanência da cosmovisão equivocada de perigo à saúde atualmente atribuída às vacinas, o que é potencializado por grupos reacionários - de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o movimento antivacina cresce em todo o globo - e pode explicar a baixa cobertura de imunização hodierna no Brasil, a menor nos últimos dezesseis anos, segundo o Ministério da Saúde, contribuindo para o reaparecimento de doenças, como o sarampo, anteriormente erradicada.        Outrossim, a ineficácia das campanhas vacinais diante da atual conjuntura social do país agrava esse quadro. De acordo com Aristóteles, a política deve ser usada de modo a alcançar o bem-estar social. De maneira análoga, observa-se que no Brasil tal ideal não é devidamente praticado, haja vista que, as organizações de saúde, como os Postos de Saúde da Família, não são, majoritariamente, adaptados à nova realidade nacional, marcada pela inserção das mulheres no mercado de trabalho, já que funcionam em horários que estão em desacordo com os do mercado de trabalho e com os momentos de folga dos pais, o que dificulta e reduz a imunização infantil no país.                Dessa forma, as dificuldades da vacinação no Brasil relacionam-se a questões sociais e políticas. Destarte, o Ministério da Saúde e o da Educação devem promover o diálogo sobre a importância da imunização, nas escolas, por meio de rodas de conversas, oficinas e palestras para os pais e os alunos a fim de desmistificar preconceitos e assegurar a vacinação populacional. Por fim, as Secretarias de Saúde e de Educação devem incentivar a realização de campanhas vacinais nas escolas e rever os horários de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde mediante portarias e planos diretores objetivando adaptar-se à sociedade e garantir seu bem-estar.