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Enviada em: 23/10/2018

A promulgação da "Lei da Vacina Obrigatória", ocorrida no início do século XX, desencadeou a va-cinação obrigatória da população carioca local, o que culminou na chamada Revolta da Vacina. Poste-riormente, a sociedade, de maneira generalizada, passou a olhar a prática da vacina como um benefício biológico ao organismo e, assim, tendeu-se a aderir ao hábito da vacinação ao longo dos anos. No en-tanto, hodiernamente, o ato da vacina tornou-se um desafio no Brasil. Nesse ínterim, é imprescindível analisar como a atual situação precária das instituições públicas de saúde aliada ao desconhecimento social em torno do hábito da vacinação, bem como traçar formas de erradicar esse impasse do país.    Mormente, destaca-se os ínfimos orçamentos estatais na área da saúde como fator crucial pela exis-tência da problemática. Conforme defendeu Zygmunt Bauman, em sua célebre obra "Modernidade Líquida", algumas instituições - em especial as do Estado - perderam suas funções sociais no decorrer do tempo, entretanto preservaram suas estruturas a qualquer custo e se configuram, hoje, como "instituições zumbis". Atribui-se a essa teoria as péssimas condições das instituições de saúde estatais, uma vez que essas ainda existem fisicamente, mas não possuem recursos necessários à sobrevivência do espaço. Um exemplo disso é a ausência de atendimento às necessidades sociais, tal como a aqui-sição do porte suficiente de vacinas que sejam capazes de atender todo um contingente populacional. Desse modo, alguns cidadãos não gozam do direito à vacinação, em virtude da negligência estatal no que diz respeito à saúde e ao bem-estar social.    Outrossim, a desinformação de parcela da sociedade no que tange à vacinação é agente também res-ponsável pela persistência da temática. Embora a Revolução Técnico-Científica tenha sido sinônimo de facilidade e avanço por promoverem a democratização dos meios de comunicação e o acesso à infor-mação, muitos cidadãos ainda são movidos por mitos sobre a prática da vacinação - tais como o surgi-mento de doenças, após a inserção do antígeno no corpo; o ganho de massa corpórea e a letalidade do ato da vacina. Assim, nota-se que a ausência da busca por informações legítimas e úteis de parte da população, a leva ao não cumprimento de uma prática extremamente benéfica ao ser humano.    Urge, portanto, medidas para extinguirem os desafios da vacinação no Brasil. Para tal, compete ao Ministério da Saúde, em parceria com o Tribunal de Contas da União, fomentar o bom funcionamento de hospitais e postos de saúde públicos, por intermédio de maiores investimentos nessas instituições, de modo que elas possam oferecer todos os direitos aos cidadãos, especialmente a vacinação. Adema-is cabem às prefeituras desconstruir mitos acerca da vacinação, por meio da promoção de palestras entre médicos e a sociedade, a fim de que esses profissionais esclareçam os benefícios da vacina.