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Enviada em: 26/08/2018

Imobilismo. De fato, hodiernamente, essa palavra parece caracterizar a inoperância da sociedade e dos próprios agentes sociais no tocante aos desafios para garantir a vacinação dos brasileiros. Apesar de naturalizada, a inércia traz prejuízos à sociedade e, em pleno século XIX, o escritor britânico Oscar Wilde defendeu a dissolução dessa passividade para mudanças na população, "O primeiro passo é fundamental na evolução de um homem ou nação". Para tanto, é importante analisar os problemas que levam a sociedade brasileira a possuir descrença e receio na imunização ativa.    Convém ressaltar, primeiramente, que a falta de esclarecimento sobre as vacinas leva à incompreensão sobre os seus benefícios. Diante disso, já na primeira metade do século XX, a "Revolta da Vacina" trouxe à tona o desconhecimento sobre como a introdução do vírus no corpo levaria à cura da doença. Por outro lado, mesmo que, atualmente, haja campanhas de vacinação, sobretudo na televisão, elas são direcionadas ao incentivo ao processo vacinatório, mas não ao esclarecimento sobre como a imunização agirá no corpo. Com efeito, as teorias conspiratórias surgem como consequência dessa desinformação sobre a ação da vacina no organismo humano. Prova disso são as constantes postagens nas redes sociais sobre o fato de que a imunização ativa leva o indivíduo a contrair autismo e serve, também, como instrumento político. A falta de explanação, porém, não é o único problema.    Outrossim, admite-se considerar que, muitas vezes, as teorias conspiratórias são fruto das atitudes dos pais. Nesse sentido, a família, base estrutural de uma sociedade, tem a função de educar e formar cidadãos sociais. À medida que pais receosos por terem como verdades absolutas teorias advindas das redes sociais sobre as vacinas, sem nenhum embasamento científico, expõem aos seus filhos que vacinas são perigosos, tendem a formar cidadãos com o mesmo pensamento. Isso porque de acordo com o sociólogo Émile Durkheim, o fato social, por ser a maneira coletiva de pensar e agir, exerce uma pressão coercitiva sobre o indivíduo. Logo, se uma criança fizer parte de uma família que tenha uma visão negativa sobre a vacina, ela tenderá adotar esse comportamento pela vivência em grupo.    Urge, portanto, a proeminência de medidas para esse revés. Primeiramente, cabe à mídia e ao Estado, em parceria, transmitir, mediante novelas, filmes e propagandas, não apenas a necessidade do processo vacinatório, mas também como a vacina age no organismo e a sua importância no combate às doenças, a fim de que a sociedade compreenda a sua importância. Ademais, cabe à escola e às famílias, em conjunto, trabalhar, por meio de discussões e palestras, a ação da imunização ativa no corpo humano, com o objetivo de instruir os pais a se desvencilhar de falácias expostas na internet. Somente assim, o primeiro passo será dado e haverá a dissolução desse revés danoso à sociedade.