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Enviada em: 30/08/2018

No Brasil, desde 1970, com o Programa Nacional de Imunizações, há enorme esforço governamental em reduzir os casos de epidemias e doenças graves em todo o país. Todavia, em pleno século XXI, ainda é possível observar um quadro dramático de redução de brasileiros vacinados, o que vem fazendo reaparecer doenças antes erradicadas e causando sérios problemas de saúde pública. Tal quadro inquietante fomenta maior engajamento de setores da sociedade civil, conjugado com renovação das políticas públicas, a fim de incrementar o número de pessoas vacinadas no país.      Nesse aspecto, é possível destacar que a relação da sociedade com as campanhas de vacinação sempre foi controversa. Desde a Revolta da Vacina, na campanha de imunização compulsória empreendida por Osvaldo Cruz, há um descompasso entre falta de informação e medidas governamentais. Hoje, um quadro análogo tem levado pessoas a rejeitarem as vacinas oferecidas pelo Governo na rede saúde, com base em estigmas sociais, explicações populares ou notícias falsas divulgadas nas redes sociais. Dessa forma, pela desinformação das camadas sociais, algumas doenças antes erradicadas ou controladas, como o sarampo e a poliomielite - esta causada pelo poliovírus, que pode levar à paralisia infantil -, estão retornando e causando graves problemas de saúde pública. Assim, Kant sintetizou esse fenômeno, pois segundo o filósofo de Konigsberg: "o esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, pela qual ele é o próprio culpado". Ou seja, a falta de informações produz a heteronomia da razão, que, em muitas vezes, leva a uma tomada de decisão insensata.         Ademais, algumas campanhas governamentais já se mostraram inócuas diante da complexidade do problema. Em virtude do país ser de dimensões continentais, as campanhas de conscientização na grande mídia e nas redes sociais não surtem grande efeito, sobretudo em regiões rurais mais afastadas, onde não é possível encontrar, ao menos, postos de saúde. Dessa forma, é necessário que haja uma reestruturação de tais medidas informativas, como forma de evitar que a população continue relegando as vacinas por causa da desinformação sistêmica na sociedade.       Portanto, diante de tais circunstância, urge que medidas sejam tomadas com o objetivo de alavancar o número de pessoas abrangidas pelas campanhas de vacinação e reduzir os casos de doenças graves no Brasil. Para isso, é dever do Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias estaduais de saúde e educação, criar comissões itinerantes de conscientização e vacinação, que possam percorrer todos os estados da federação e realizar campanhas de vacinação em massa, sobretudo em lugares afastados dos grandes centros, pois, assim, mais pessoas serão informadas e vacinadas, conforme tradição brasileira do Programa Nacional de Imunizações, o que levará ao controle de graves doenças.