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Enviada em: 01/09/2018

Armados com paus e pedras, a população do Rio de Janeiro de 1904 enfrentava as forças públicas contra a vacinação compulsória imposta por Oswaldo Cruz. Esse conflito - posteriormente chamado de Revolta da Vacina - eclodiu devido ao desconhecimento acerca das funções das vacinas. Hodiernamente, no entanto, mesmo com o advento dos meios de comunicação modernos e a facilidade do acesso à informação sobre esse tipo de tratamento, houve, nos últimos anos, uma queda preocupante na cobertura vacinal. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os desafios para garantir a vacinação dos brasileiros é medida que se impõe.       Em primeiro plano, convém destacar a imensa eficácia de medidas profiláticas como a imunização que, após a 8ª Conferência Nacional de Saúde de 1986, passou a ter o papel principal no combate de doenças então endêmicas no país. Caxumba, sarampo e febre amarela, a exemplo, beiraram a erradicação. Contudo, mais de três décadas depois, longe do cenário onde eram comuns essas moléstias, o apelo natural da presença da doença não é mais presente. Levando, assim, a uma negligência por parte da sociedade em manter em dia o cartão de imunização e isso, invariavelmente, poderá propiciar o reaparecimento de tais males.       Outro aspecto a ser abordado, porém, são os casos em que ocorre a procura, mas não há a oferta dos referidos medicamentos nos locais adequados. A Constituição Federal de 1988, por sua vez, garante que todos tenham acesso à saúde. Entretanto, em locais mais pobres é perceptível que esses direitos não são efetivados em sua totalidade. Os surtos anuais de febre amarela, amplamente expostos pela mídia, por exemplo, acontecem desde o Sudeste até o Norte e demonstram que, apesar dos esforços do governo, ainda há muito a ser feito.       Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para propiciar e incentivar o acesso à vacinação. Para isso, cabe ao cidadão usufruir de seus direitos garantidos ao procurar os postos de vacinação, reclamar em caso de falta e transmitir para o próximo a importância desse cuidado . Ao Ministério da Saúde, de outro lado, cumpre o mantimento e reforço de peças publicitárias focadas em demonstrar a importância de que se imunizar é uma questão de saúde tanto particular como coletiva. A esse órgão público, também, cabe o aumento dos investimentos em áreas conhecidamente de risco, como as regiões amazônicas. Assim, observada a ação conjunta entre Estado e população em promover a saúde de todos, será possível dar mais um passo em direção a um Estado Democrático de Direito.