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Enviada em: 03/09/2018

A Carta Magna de 1988 – documento de maior soberania no território nacional – declara a saúde como um direito fundamental de todo cidadão. Apesar disso, observa-se que diversos indivíduos não usufruem, na prática, desse direito constitucional, em virtude de a vacinação ainda representar um cenário desafiador na atualidade, seja pela lenta mudança de pensamento social, seja pela insuficiência governamental.       Em primeiro plano, cabe comentar a crescente onda de movimentos antivacinação na contemporaneidade. Paralelamente, a Revolta da Vacina, em 1904, foi uma ação contrária à imunização obrigatória imposta pelo governo federal da época, em razão da descrença, por parte da população mais pobre, mediante os benefícios da vacinação. De maneira análoga, é possível observar que diversos cidadãos, na atual conjuntura, acabam por adotar uma conduta semelhante às pessoas daquele período e, dessa forma, opõem-se à imunização obrigatória, ao passo que alegam, sem base científica comprovada, que tal substância é prejudicial à saúde humana. Por conseguinte, essa postura colabora para o enraizamento de mitos correlatos à problemática no ideário coletivo, o que denota uma necessidade de mudança nos valores do corpo social.       De outra parte, Zygmunt Bauman afirma, em sua obra ‘’Modernidade líquida’’, que algumas instituições, na era pós-moderna, configuram-se como ‘’zumbis’’, uma vez que estas perderam suas respectivas funções sociais, todavia, tentam manter seus sistemas a qualquer custo. Sob tal ótica, é válido analisar que o Ministério da Saúde – órgão responsável pela promoção da saúde da população – acaba por falhar perante seu papel na sociedade, haja vista que as ações e políticas destinadas à comunidade civil, inclusive as de vacinação, não são vivenciadas por todos os indivíduos, sobretudo aqueles que habitam em zonas de vulnerabilidade social e, desse modo, a exclusão de indivíduos dos procedimentos realizados por tal Ministério acaba por contribuir para a continuidade da vacinação como um desafio nacional, o que sugere uma maior responsabilidade do Governo frente à saúde coletiva.       Destarte, a problemática constitui um grave obstáculo social e, sendo assim, medidas são imperativas, a fim de mitigar a questão. Nesse sentido, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com as esferas municipais, elaborar ações que promovam a difusão de informações a respeito da importância da vacinação, por meio de palestras com especialistas no assunto e apresentações culturais, com o fito de atenuar inverdades relativas à imunização e, certamente, sob o viés lúdico, potencializar o seu estímulo no Brasil. Como resultado, poder-se-á ter uma sociedade mais justa e democrática, com o efetivo direito à saúde, conforme propõe a Constituição do país.