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Enviada em: 03/09/2018

No século XIX, o Estado brasileiro fracassou em sua primeira tentativa de vacinar a população. Esse evento ficou conhecido como a Revolta da Vacina e representou a resistência do povo à um programa de vacinação pouco planejado e ineficiente. Atualmente, os desafios à garantia de plena vacinação aos brasileiros persistem na seguinte constatação: a má gestão de recursos destinados ao Ministério da Saúde e a ineficácia das antiquadas campanhas publicitárias estão contribuindo para a decrescente taxa da cobertura vacinal.              Convém ressaltar que, apesar da verba destinada à vacinação sextuplicar entre 2010 e 2017, o número de crianças vacinadas diminuiu consideravelmente nesse período. Tais fatos evidenciam que a falta de verbas pode não ser a principal causa do sucateamento da cobertura vacinal como intuitivamente pensa o senso comum, sendo relegada à má gestão dessas verbas o desastroso cenário de ineficiência. No entanto, os profissionais responsáveis pela administração e gestão dos recursos em uma unidade de saúde não são, na maioria dos casos, preparados para tal fim. Logo, ao invés de enfermeiros, médicos e outros profissionais clínicos que geralmente assumem esses cargos é de suma importância a formação e a absorção de profissionais sanitaristas, preparados e comprometidos com a gestão da saúde pública.         Além disso, as campanhas publicitárias de vacinação não estão atingindo seus objetivos concernentes à conscientização da população acerca da necessidade da vacinação. Nesse sentido, o filósofo Immanuel Kant preconiza, por meio da máxima ''Quem não sabe o que busca, não identifica o que acha'', a indispensabilidade de se elaborar questionamentos racionais prévios à consolidação de um ato. Depreende-se daí, o planejamento insuficiente das campanhas que não surtem o efeito esperado, portanto, devem ser revistas e construídas de acordo com as prerrogativas socioculturais da sociedade contemporânea.            Sendo assim, para a construção de um programa de saúde público eficaz no que tange à cobertura vacinal da população, o Estado deve se comprometer com a consolidação do profissional gestor público, além de rever as diretrizes de elaboração das campanhas publicitárias. Primeiramente, os municípios e estados devem abrir editais que visem a contratação de bacharéis em saúde pública, com fim de suprir a carência administrativa das unidades de saúde do país. Também, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação podem atuar em conjunto com sociólogos e antropólogos na elaboração de uma campanha condizente com os meios de comunicação atuais. Dessa forma, a população brasileira poderá contar com a segurança de um sistema de saúde eficaz.