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Enviada em: 04/09/2018

Enquanto em 1904 o desafio para o processo de vacinação foi a insuficiência de informações, gerando a Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, hoje, devido à terceira revolução industrial, a abundância de comunicações e informes vêm, junto com a negligência governamental, produzindo um efeito de desinformação social, suscitando, na população, o ceticismo em relação à eficácia da importante descoberta científica capaz de prevenir doenças.          Em primeira análise, segundo o sociólogo francês Jean Baudrillard, vivemos num mundo onde há cada vez mais informações e menos sentido. Desse modo, a veiculação de notícias falsas sobre os efeitos negativos das vacinas ganham evidência social e, consequentemente, o processo de imunização é afetado, podendo gerar uma maior proliferação de doenças, tendo em vista que as pessoas, por ficarem duvidosas, recusam o mecanismo profilático. Um exemplo disso é quando um simples áudio em uma rede social, acompanhado de uma imagem ilustrativa, torna-se mais verídico do que estudos comprovados cientificamente.      Ademais, faz-se necessário ressaltar a negligência das esferas públicas no que tange à administração de tal mecanismo. O Brasil, por ter um espaço territorial continental, precisa de estudos contínuos sobre a prevenção de doenças, uma vez que muitos são os fluxos de pessoas circulando em toda a área brasileira. Sob essa ótica, o sarampo, em 2018, segundo o Ministério da Saúde, voltou a ser uma patologia a ser combatida, pois, como foi caracterizado em 2016 como enfermidade erradicada, as autoridades governamentais passaram a focar em outros setores, propiciando, então, no desaparecimento das preocupações da sociedade quanto a essa mazela. Por conseguinte, consoante dados da Organização Mundial da Saúde, entre 1º de janeiro e 23 de maio de 2018, foram registrados 995 casos de sarampo no país.       Portanto, o Ministério da Saúde, a fim de garantir a manutenção do desaparecimento de determinadas patologias e o combate a outras doenças, deve investir nas áreas de pesquisas científicas, possibilitando maior infraestrutura tecnológica para os estudantes nas universidades, e, mediante apoio do Congresso em relação à verba destinada para tal setor, disponibilizar mais vacinas para a população, para que o mecanismo profilático seja garantido não somente em casos de surtos. Além disso, o Ministério da Justiça, através dos serviços de inteligência, pode buscar amainar a disseminação das notícias falsas, de modo a objetivar que o espaço de veiculação de informação seja o mais verídico possível, por meio de investimentos em tecnologias, como os pesquisadores da PUCRS estão desenvolvendo, capazes de detectar os informes que não condizem com a realidade.