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Enviada em: 15/10/2018

As revoluções científicas possibilitaram um avanço inegável para a humanidade: a invenção da vacina, por exemplo, erradicou doenças outrora fatais e contribuiu para o aumento da expectativa de vida. Contudo, mesmo com inúmeros benefícios, a cobertura de vacinação para doenças como sarampo e caxumba vem caindo anualmente no Brasil e ameaça criar um cenário propício ao reaparecimento de doenças antigas e perigosas. Assim, com o crescimento do movimento anti-vacinação e com os precários recursos dos hospitais públicos, a comunidade brasileira se encontra em alerta para a saúde.        De início, um olhar atento para a história permite perceber que o conflito do brasileiro com a vacinação não é atual: no ano de 1904, o Rio de Janeiro foi palco da Revolta da Vacina, em que Rubem Fonseca, então prefeito, influenciado pela Belle Époque européia, decidiu modernizar a qualquer custo a cidade carioca. Para isso, uma das medidas foi a imunização obrigatória da população mediante o uso coercitivo da força, mesmo sem informar sobre os benefícios dessa ação. Tal situação criou margem para um conflito que resultou em uma forte rebelião.        Sob essa análise, o que antes fora consequência da desinformação, agora é resultado do excesso dela: a crescente onda de anti-vacinação encontra raiz em notícias falsas permeadas por veículos como Facebook e WhastApp que, pela instantaneidade e convicção, informa mal os cidadãos, fazendo-os crer que a vacina é prejudicial. Essas notícias são, muitas vezes, fundamentados na pesquisa forjada do médico estadunidense Andrew Wakefield, que relacionava a vacina ao autismo nas crianças.       Hoje, em consonância à Carta Magna do país, sabe-se que vacinar é um direito dos pequenos e um dever dos pais e do Estado, uma vez que a falta de imunização acarreta em riscos coletivos e não somente individuais. Para ilustrar, segundo dados da Folha de São Paulo, a taxa de cobertura da tríplice viral, que protege da doença e alcançava 96% das crianças em 2015, baixou para 84% em 2017 e abriu caminho para o retorno da infecção ao país.        Logo, torna-se evidente a necessidade de medidas que coíbam esse impasse e que garantam a vacinação de todos os cidadãos brasileiros como prerrogativa de seus direitos sociais. Dessa maneira, é fundamental que o Ministério da Saúde, em parceria aos núcleos escolares, realize intervenções educacionais, pela atuação de enfermeiros e médicos, junto às crianças, pais e professores com a finalidade de alertá-los sobre o risco da não imunização. Ademais, a mídia aberta, ao ter a população como influente "massa de manobra" tem um papel relevante ao veicular relatos de pessoas que não foram vacinadas e que hoje sofrem com as consequências desse ato para conscientizar os demais.