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Enviada em: 17/10/2018

A queda no número de vacinação remete ao que o escritor Jean Baudrillard abordou em “À sombra das minorias silenciosas”, com a visão de uma sociedade irracional e segregada. Analogamente, a indiferença humana em torno da área da saúde estabelece limites nas relações entre os homens. Essa negligência social afeta, inclusive, a população infantil. É nesse viés que os desafios para vacinação apontam os desvios comportamentais da sociedade nos atuais paradigmas do Brasil.       Em primeira análise, as causas da problemática podem ser analisadas sob perspectivas sociais e humanas, tendo em vista que se tornaram reflexos da perpetuação do individualismo no tecido social brasileiro. Mães naturalistas, influenciadas por falsas notícias divulgadas nas redes sociais, têm promovido campanhas contra as vacinações. Essas mulheres não vacinam os filhos por acreditarem que as vacinas causarão reações negativas nos bebês. Dessa forma, percebe-se, na área da saúde, uma falência de ideologias que confirmam a visão de Baudrillard.       Incontestavelmente, a problemática destaca como os indivíduos, de maneira inconsciente, são influenciados pela própria sociedade. É certo que algumas doenças já foram erradicadas no Brasil devido à grande cobertura vacinal, como aconteceu com o sarampo e a poliomielite. Em decorrência da queda do número de vacinados, percebe-se novos casos dessas doenças, sobretudo na região Norte do país. Sob esse contexto, é certo declarar que a população brasileira apresenta uma completa inversão de valores, já que a vacina é a melhor forma de prevenção. Dessa maneira, ao analisar os desafios da vacinação no Brasil, pode-se dizer que há uma relação de interdependência entre o indivíduo e a sociedade, como teorizada pelo sociólogo alemão Norbert Elias.        Fica evidente, portanto, que os preceitos elementares entre indivíduo e sociedade, assegurados pela teia de interdependência de Elias, devem ser explorados de forma que a população brasileira adquira novos valores de cidadania acerca das campanhas de vacinação. Nessa perspectiva, faz-se necessário que o Ministério da Saúde –em parceria com instituições privadas- promova a criação de vídeos e de enquetes, por meio de plataformas digitais, com discussões e debates desenvolvidos por profissionais da área sobre a importância e a eficácia das vacinas, de forma que a Educação Social desperte a preocupação e o conhecimento da população, já que se observa uma alteração nos padrões sociais brasileiros. Afinal, segundo o autor norte-americano Skinner, a educação sobrevive mesmo quando todo o resto aprendido é esquecido.