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Enviada em: 29/09/2018

Com a publicação, em 1890, de O Cortiço, o escritor naturalista Aluísio de Azevedo já denunciava, no início da República Velha, as péssimas condições sanitárias pelas quais passavam os moradores da capital nacional. Diante do exposto, no que concerne aos desafios para efetivação da vacinação dos brasileiros, depreende-se que ratificam um fenômeno, cuja origem não é hodierna. Dito isso, é mister abordar seus principais fatores e possíveis medidas relacionadas à sua resolução.                                A Constituição Cidadã, promulgada em 1988, redige, mediante seu artigo 196, que o direito à saúde não se restringe a camadas específicas. Entretanto, ela assegura sua universalidade e gratuidade. Dessa forma, a vacinação representa um mecanismo, cujo intuito é a promoção do que doutrina a Cidadã. Sem embargo, a disseminação de Fake News gera falácias, as quais negligenciam a importância do ato de vacinar. Prova disso, é a publicação, na revista de Medicina The Lancet, de um artigo redigido pelo médico Andrew Wakefield, o qual aspirava a demonstrar uma possível conexão entre a imunização e o autismo. Além disso, no Brasil, em 1904, eclodiu a Revolta da Vacina, movimento urbano com o fito de protestar contra a vacinação obrigatória, o qual foi reprimido agressivamente. Sob outra perspectiva, é imprescindível acordar que a erradicação da varíola — moléstia, cujos surtos eram ciclópicos em 1904 — só se tornou realidade em 1973 com a política de imunização, a provar quão deveras relevante justifica-se, pois, essa atuação governamental.                    Para o filósofo empirista David Hume, não há relação de causa e efeito entre o nascer e o pôr-do-sol deste dia com os seus subsequentes. Analogamente, não deveria haver, outrossim, ligação no que diz respeito à erradicação de doenças com o tratamento de inutilidade ofertado à vacina pelas novas gerações. Contudo, de acordo com o Ministério da Saúde, as metas para imunizar adultos e crianças estão em regressão. Ilustra-se isso a partir do retorno do sarampo — enfermidade, cuja erradicação, em 2016, foi comprovada pela OMS. Ademais, a poliomielite, a qual não se manifesta em território brasileiro desde 1990, impõe uma alerta para uma trágica reintrodução. Assim, é alarmante que políticas públicas não conscientizem tais cidadãos, já que não há, conforme Hume, causalidade.                    Deve-se combater, pois, os percalços à vacinação com o intuito de assegurar o que discerne a Cidadã. Para esse engenho, a União, na figura do Ministério da Saúde, deve investir em projetos e campanhas por meio da ampliação do período de imunização, mas também, de palestras, as quais visem à informatividade dos benefícios gerados pela prevenção, com o apoio dos meios de comunicação em relação à divulgação, em sentido lato, de seu calendário. Espera-se, com isso, que o Brasil sane tal problema e a narrativa de Azevedo não escape à ficção.