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Enviada em: 30/09/2018

Desde a primeira grande campanha de vacinação no Brasil, durante o governo Rodrigues Alves, houve resistência por parte da população — o que culminou na Revolta da Vacina. Ainda hoje, atingir metas de vacinação é um grande desafio para o Ministério da Saúde, que precisa se preocupar, entre outros fatores, com questões geográficas do país, com a nova onda de refugiados da Venezuela e, em especial, com a falta de informação do público.         O reaparecimento de patologias erradicadas no fim do século XX, como a febre amarela e o sarampo, são atreladas, por muitos especialistas, a dois grandes contratempos: o desastre de Mariana e a onda de refugiados da Venezuela. No primeiro caso, o desequilíbrio ecológico pode ter aproximado os macacos, potenciais reservatórios da doença, das áreas urbanas, facilitando a transmissão ao homem pelo Aedes aegypti. Já no fato mais recente, nesse país vizinho, que vive uma crise humanitária, enfermidades, como o sarampo e a poliomielite, podem ser trazidas pelos refugiados e contaminar brasileiros não imunizados — assim como ocorreu com o contato entre indígenas e portugueses no período colonial, dizimando o primeiro grupo.        Contudo, como essas moléstias são imunopreveníveis, poderiam ter sido evitadas se a meta para garantir a manutenção da erradicação estabelecida pela OMS, 95% da população, tivesse sido alcançada. O maior empecilho para atingir tal objetivo é a educação. A falta de informação do cidadão a respeito do funcionamento da vacina e de sua importância o torna suscetível a acreditar em “fake news” que propagam a ideia de que, como a imunização é feita pela inoculação do agente etiológico atenuado, ela é prejudicial e não benéfica ao paciente — semelhante ao ocorrido na Revolta da Vacina. Ademais, existe um fator novo, registrado pelo Programa Nacional de Imunização: a falta de contato da geração atual com as mazelas trazidas pelas doenças fazem com que essas pessoas tenham a falsa sensação de que são imunes a elas, negligenciando a vacinação por considerá-la desnecessária.        Destarte, a população deve estar devidamente imunizada em todas as regiões para que novos surtos de doenças para as quais existe vacina não ocorram. Para tanto, é necessária uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação para promover debates nas escolas a respeito do tema com evidências biológicas e históricas, de forma a encorajar alunos e pais a propagar a importância da vacinação em suas respectivas comunidades. Além disso, o Estado pode promover uma regulação mais rígida nas fronteiras e oferecer vacinação e cuidados médicos aos refugiados, por meio de maiores investimentos em postos de saúde nas áreas mais afastadas do país, bem como intensificar as campanhas já existentes nos meios de comunicação.