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Enviada em: 08/10/2018

A Revolta da Vacina foi um levante popular ocorrido no Rio de Janeiro, no começo do século XX, marcado por uma campanha de vacinação na qual predominou a desinformação. Embora tenha ocorrido há mais de cem anos, tal momento histórico ainda reflete os percalços da imunização no Brasil. Nesse contexto, deve-se analisar como as notícias falsas, além da inobservância estatal, influencia na problemática.      Sob esse viés, os boatos jornalísticos são responsáveis pelos desafios da vacinação. Isso ocorre porque, segundo Jean Baudrillard, sociólogo francês, vivemos num mundo onde há cada vez mais informação e menos sentido. Ou seja, a enxurrada de conhecimento que a modernidade proporciona coage uma miríade de indivíduos a limitar o seu saber a uma porção superficial da realidade, estando, dessa forma, vulneráveis a informações inverídicas. Aproveitando-se de tal conjuntura, um médico britânico publicou um artigo sem qualquer base científica, associando as vacinas ao autismo. Em decorrência, muitos pais se negam a imunizar sua prole, sob o subterfúgio de estarem protegendo-a de adquirir um transtorno psiquiátrico.      Atrelado às notícias falsas, a inobservância estatal também é responsável pelos obstáculos à vacinação. Embora a Constituição Federal de 1988 preveja, no artigo sexto, o direito à saúde, o Estado não tem garantido a efetivação dessa legislação. Tal fato se explica pela insuficiência de doses imunitárias em boa parte das unidades de pronto atendimento, o que limita o seu acesso àqueles que podem arcar com os custos do sistema privado. Em consequência, as camadas sociais menos favorecidas se tornam bolsões de suscetibilidade a doenças já superadas, tal como o sarampo, poliomielite e febra amarela, mas que encontram sobrevida na atual crise da vacinação.      Percebe-se, portanto, que a imunização tem raízes sociais e políticas como obstáculos. Assim, cabe à escola, enquanto instituição de grande poder transformador, promover a realização de oficinas educativas. Isso precisa ser feito mediante palestras e cartilhas informativas feitas por profissionais da Fundação Oswaldo Cruz, que elucidem aos pais e alunos quanto às benesses da vacina, bem como desmintam eventuais boatos vinculados a ela. Objetiva-se, com essa ação, superar os descuidos quanto à vacinação, salvaguardando a saúde pública brasileira. Outrossim, urge ao Poder Público, como agente de mudança da realidade, promover o devido abastecimento dos postos de saúde com vacinas, mediante redirecionamento de verbas, a fim de que todos do espectro social possam ser imunizados.