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Enviada em: 04/10/2018

No início do filme “Perfume”, é retratado a falta de noção sobre higiene da sociedade francesa no século XVIII. Dessa maneira, é mostrado o cotidiano das pessoas junto à sujeira, esgoto, roedores, corpos em estado de putrefação. Baseando-se nessa perspectiva, o cenário de áreas periféricas brasileiras não está tão diferente da realidade francesa de séculos atrás. Mostrando a deficiente infraestrutura de saneamento básico e pouca pressão popular que não manifesta tal absurdo.        Em prévia instância, a insuficiência de saneamento básico está intimamente conectada à desigualdade social, uma vez que a carência dessa estrutura atinge sobretudo as classes mais pobres. Assim, segundo o Instituto Trata Brasil em 2016, 90% dos esgotos em áreas irregulares não são coletados nem tratados. Isso ocorre consoante o ideário marxista, porque o Estado expressa os interesses da classe dominante, desse modo obras para atender zonas precárias são negligenciadas para dar ênfase em projetos pertinentes ao interesse da elite. Além disso, não há uma união social que pressione os governos a investir massivamente em saneamento básico de qualidade para todos, direito esse garantido da Lei Federal 11.445.              Em decorrência dessa falha conjuntural, a natureza e milhões de brasileiros são afetados. Na obra Urupês, Monteiro Lobato demonstra a situação do trabalhador rural na figura do Jeca Tatu, mostrando o abandono do poder público em relação ao saneamento básico, às doenças e ao atraso econômico. Sendo o próprio personagem vítima da ancilostomose, vulgarmente conhecida como amarelão. Destarte, além dessa verminose, a carência em saneamento pode desencadear outras diversas enfermidades como a diarreia bacteriana, esquistossomose, cólera, além de epidemias como a da dengue. Ademais, existe também um prejuízo ecológico com a poluição de recursos hídricos, impossibilitando o uso da água, além de promover a morte do ecossistema aquático, o que desencadeia desequilíbrios na fauna e flora. Tudo isso promove uma péssima qualidade de vida, interferindo bastante no desenvolvimento do país.              Perante as conjunturas sobreditas, é necessária a atuação do Estado, na figura do Poder Executivo, investir massivamente na infraestrutura de saneamento básico - principalmente em áreas carente- por meio do acesso à água potável, rede de esgoto, serviço de vigilância epidemiológica, coleta de lixo, controle de pragas. Complementarmente, a escola e a comunidade devem unir-se no intuito de pressionar medidas estatais as quais atenuem as péssimas condições de saneamento. Isso através de palestra que reúna e esclareça à sociedade a importância de cobrar do poder público, além de fomentar a formação de manifestações de indignação social ligado ao saneamento básico.