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Enviada em: 09/10/2018

De acordo com a terceira lei de Newton, toda ação provoca uma reação de igual intensidade e sentido contrário. Assim, ao Brasil crescentemente industrializado e integrado pelas telecomunicações, opõem-se contra tendências desafiadoras à universalização de saneamento básico a todos os brasileiros. Esse quadro de não garantia de um direito primordial é fruto, principalmente, de raízes históricas de negligências às camadas desfavorecidas e de uma má gestão financeira por parte do Estado.    Pode-se afirmar que a deficiente administração de recursos por parte das autoridades é fator a ser considerado. Isso porque, ao deixarem de investir em serviços estruturais de manejo de resíduos, esgotamento sanitário e abastecimento de água, os gastos no sistema de saúde se multiplicam. Amebíase, leptospirose e hepatite A são exemplos de doenças causadas por condições precárias de saneamento e, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o país, ao longo de 2017, as internações por essas doenças geraram um custo de cem milhões de reais. Desse modo, é urgente a necessidade de realocação dos recursos para que esse panorama mude, a fim de melhorar a saúde da população, diminuir gastos e, principalmente, reduzir os índices de morte evitáveis.     Ademais, a desigualdade intraurbana também é listada como agente acentuador da problemática. O romance ''O Cortiço'', de Aluísio Azevedo, já denunciara a exploração e as péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou dos cortiços cariocas do final do século XIX. Hodiernamente, as ''favelas'' dos centros urbanos, que são consideradas herança da desordenada ocupação urbana iniciada no Brasil Império, tem sofrido com a negligência estatal em detrimento de regiões mais valorizadas, fruto da especulação imobiliária. Nesse sentido,  a amputação do direito ao saneamento a determinados segmentos da população fere as premissas internacionais dos Direitos Humanos, e constitui-se como um crime que não deve ser ignorado.     Infere-se, portanto, que para que haja melhorias nas condições sanitárias do país, entraves devem ser revertidos. Para tanto, faz-se necessária a atuação dos Governos Federal, Estadual e Municipal em conjunto, redirecionando os impostos às áreas com maior deficiência nas condições de saneamento, de modo a desconcentrar esses investimentos no país. Ademais, a iniciativa privada deve financiar pesquisas em universidades, para que estas desenvolvam tecnologias que melhorem a infraestrutura sanitária, principalmente nos assentamentos informais, tendo em vista as peculiares dessas regiões. Por fim, é imprescindível que haja o engajamento da população, seja por meio de protestos, passeatas, ou fóruns que denunciem situações irregulares, a fim de cobrar posicionamento das autoridades. Somente assim, será possível a construção de um sistema sanitário de qualidade para os brasileiros.