Materiais:
Enviada em: 15/10/2018

Mais da metade da população brasileira não possui acesso ao tratamento de esgoto em suas residências, junto a grande quantidade de lixões a céu aberto ainda utilizados e a falta de coleta de lixo adequado nos bairros, temos o problema da falta de saneamento básico, hoje sendo um dos maiores agentes causadores das doenças infecto-parasitárias e do alto índice de mortalidade infantil. No geral, essa precaridade está presente nas áreas mais pobres e distantes dos grandes centros do país.       Na obra "O direito à cidade", o sociólogo Henri Lefebvre defende que a população comum seja responsável por moldar o ambiente em que vive, em determimento do coletivo, e não do individual. Ao analisar a sociedade brasileira, retrata-se um ambiente em que as áreas mais pobres, aquelas onde maior parte da população se concentra, são as que menos recebem investimentos públicos, nota-se assim a desigualdade social presente, onde os privilegiados estão no topo, sendo eles os responsáveis por moldar a cidade. Esse contraste entre a obra citada anteriormente e a forma com que a sociedade se organiza é um dos fatores fortes para mantermos esse problema no país e é a justificativa para termos tratamento de esgoto público, no geral, apenas em bairros nobres.        Gasta-se muito com saúde pública, e este gasto poderia ser reduzido com o investimento em saneamento básico universal. Hoje quem mais usa o SUS são as classes mais baixas, as mesmas que mais sofrem com a falta de tratamento de esgoto e água limpa, sabendo que esta precariedade é causadora de diversas doenças, é fácil fazer um paralelo entre um problema e outro. A grande questão impeditiva, além do gasto, é o tempo. O problema do custo poderia ser resolvido através do empréstimo concedido pelo banco mundial, que hoje possui reservas para uso em prol do desenvolvimento do saneamento básico. Quanto ao tempo, o processo é longo, é preciso lidar com locais onde existe solo instável e má organização espacial, e por conta do trabalho exceder o tempo de um mandato politico, não é de interesse dos governantes tornar esta uma pauta de gestão, até porque o retorno em marketing para re-eleição é menor do que alguns projetos mais baratos, como construção de escolas ou mesmo postos de saúde.        Para quebrar essa negligência é necessário que, em primeiro lugar, seguindo as recomendações de Lafebvre, a população faça parte das decisões tomadas pelos governantes dentro das cidades, isso pode acontecer através de comícios públicos onde os gastos são expostos e as necessidades são citadas e cobradas pela população geral. Outra forma de estimular os municípios a trabalhar essa questão é com incentivos de gratificação de governantes, com metas de desenvolvimento na área de saneamento básico que, quando cumpridas, trazem retorno tanto financeiro quanto midiático.