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Enviada em: 15/10/2018

Na mitologia, Procusto era um salteador que possuía uma cama de ferro e a oferecia aos viajantes que passassem por ele. Entretanto, ao aceitar, o viajante que ultrapasse os limites do móvel tinha seus pés cortados e aos que não, seus membros eram esticados por  cordas. Análogo ao mito, a sociedade brasileira se depara com o infeliz cenário de mutilação de seus direitos como cidadãos, posto que os ínfimos índices de oferecimento da infraestrutura  de saneamento não são universalizados à população. Logo, os desafios para melhorar o precário saneamento básico do país, em um primeiro  momento, permeiam questões governamentais.    Nesse sentido, é elementar que se leve em consideração, que, de acordo com o pensamento filosófico de São Tomás de Aquino, em uma sociedade democrática de direto todos possuem o mesmo grau de importância. No entanto, o Estado diverge de tal perspectiva, visto que diante da lentidão da oferta do sistema de tratamento de água e esgoto no país - tendo um percentual de crescimento no tratamento de esgoto, entre os anos de 2007 a 2015, ultrapassando um pouco mais de 10%, segundo o Instituto Trata Brasil - esse permanece inerte, marginalizando as garantias sociais. Dessa maneira, não é de se espantar que parcelas da população, principalmente a de baixo valor aquisitivo, tenha que se depara com esgotos a seu aberto em frente a suas casas devido a negligência estatal.   Soma-se a isso, também, que, de acordo com a visão sociológica de Hans Jonas, as ações em prol da sociedade deveriam permear a manutenção da sobrevivência digna das próximas gerações. Tristemente, a  realidade brasileira vai de encontro com tal pensamento, dado que o descaso governamental quanto ao destino dos dejetos produzidos pela população não possuem a devida atenção. Dessa forma, segundo a Agência Nacional de Águas, vão direto para os rios como saíram das casas, comprometendo, assim, mais de 100 mil quilômetros de rios por todo o Brasil.   Diante de tal problemática, cabe a dois agentes a solução efetiva: O Estado e as empresas privadas de saneamento básico. Ao primeiro agente importa a elaboração de um projeto que vise a firmação de parcerias público privadas com empresas de tratamento de água e esgoto, como a Iguá Saneamento, por meio de concessões tributárias e exigências rigorosas por parte do governo no cumprimento do acordo estabelecido. Além disso, para que haja uma maior agilidade no processo de instalação da infraestrutura de saneamento, em parceria com as universidades federais do país, os alunos do curso de Engenharia Sanitária, do quarto ao quinto ano de curso - uma vez que já estariam aptos ao serviço - auxiliariam no mapeamento das áreas mais precárias a serem atendidas com prioridade. Desse modo, será possível que os viajantes brasileiros não mais sejam infligidos por Procusto.