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Enviada em: 24/10/2018

Os graves problemas de saneamento básico das cidades brasileiras surgiram no Rio de Janeiro Imperial -- escravos negros eram humilhados no ofício de escoar até o mar, em barris, dejetos humanos, que por vezes escorriam em listras, razão do apelido de "tigreiros". Apesar das tentativas de reverter o trágico passado, a infraestrutura sanitária do Brasil ainda é bastante precária, proliferando doenças medievais como a cólera. Além disso, a falta de planejamento dos municípios impede que os recursos federais sejam alocados adequadamente.                Primariamente, deve-se ressaltar a importância da qualidade do saneamento básico para que as políticas de saúde pública sejam efetivas.  Segundo a Organização Mundial da Saúde, o investimento de 1 dólar em saneamento básico gera uma economia de 4,3 dólares em gastos com saúde, fato que evidencia a relação direta entre a infraestrutura sanitária e a medicina preventiva.  Por meio do lixo urbano e da  água contaminada por dejetos humanos, doenças graves infectam principalmente os brasileiros mais pobres, moradores de regiões com pouca infraestrutura sanitária.                 De modo complementar,   constata-se a falta de planejamento dos municípios como fator que atrasa a melhoria dos serviços de saneamento básico. Conforme a Lei de Saneamento Básico, os municípios devem desenvolver um Plano Municipal de Saneamento Básico, que realiza um diagnóstico local da infraestrutura sanitária e que estabelece metas para sua melhoria. Apesar disso, são poucos os municípios que concluíram o plano, assim reduzindo, portanto, a eficiência dos investimentos em saneamento básico.                    Em suma, torna-se patente o despreparo dos municípios brasileiros para planejar e oferecer serviços básicos de saneamento, situação que agrava os problemas da saúde pública. Para reverter o quadro atual, é necessário que a sociedade civil mobilize-se, conforme a  Lei do Saneamento, pressionando as autoridades municipais para o desenvolvimento do Plano Municipal de Saneamento Básico. Ademais, o Ministério das Cidades deve operar junto ao Ministério da Saúde na identificação e no auxílio aos municípios que mais sofrem com doenças ligadas à falta de saneamento. Dessa forma, o triste passado  dos tigreiros  ficará cada vez mais para trás.