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Enviada em: 29/05/2018

O equívoco de internação compulsória       O filme Bicho de Sete Cabeças permite observar uma fala marcante do ator Rodrigo Santoro, ao interpretar o personagem Neto, a qual relata: "Eu não sou viciado, vocês não me examinaram." Fala tal que se relaciona aos desafios para o tratamento de dependentes químicos no Brasil. Desse modo, o longa-metragem é atemporal ao deixar claro que a internação involuntária não é a melhor opção. Logo, cabe a ação das autoridades para investir em setores como saúde e assistência social com o fim de possibilitar soluções não compulsórias a problemática.       É um equívoco pensar que a internação compulsória é a solução para os dependentes químicos, ao passo que deve ser a última saída, como em casos  nos quais o indivíduo perde a noção da realidade e encontra em estado de psicose, podendo cometer crimes ou fazer mal a si mesmo. Vale salientar que o tratamento focado na internação se torna ineficaz, apresenta menor efetividade e possui um custo bem mais elevado. Bem como é uma medida de cunho imediatista e higienista que visa apenas o geral deixando de lado a individualidade de cada caso.       O tratamento mais adequado aos dependentes se delineia no ambiente ambulatorial, uma vez que as unidades básicas de saúde e as redes Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e drogas) promovem um tratamento direcionado e que acompanha o paciente "levando uma vida normalmente", ao contrário da internação que se atem ao isolamento social e não percebe que as maiores probabilidades de recaídas se encontram no cotidiano do paciente.       Destarte, a internação voluntária deve ser a última instância ao tratamento de dependentes químicos. Por conseguinte, cabe ao governo federal direcionar verbas aos setores da saúde, e assistência social bem como implementar tratamento ambulatorial de qualidade com acesso a médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais capacitados. Assim, em curto prazo, reduzirá danos e promoverá bem estar a essas pessoas.