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Enviada em: 07/06/2018

No cenário hodierno, um tema que tem ascendido progressivamente nos debates entre as autoridades brasileiras tangencia a questão dos dependentes químicos. Por ser uma vicissitude cada vez mais comum no bojo familiar nacional, tal conjuntura evidencia uma problemática de caráter estrutural no país. Dessarte, para compreender os desafios que circundam o solucionamento dessa realidade, faz-se necessário discorrer sobre dois eixos centrais: a criminalização do usuário e a escassez de políticas públicas direcionadas a tratamentos eficientes.  É sabido que a Política Antidrogas lançada há cerca de uma década no governo de Fernando Henrique Cardoso não apresentou resultados animadores no tocante à diminuição do tráfico de substâncias ilícitas. Sob esse viés, a tentativa frustrada de diferenciar “usuário” e “traficante” abarcada pelos critérios subjetivos utilizados nessa particularização contribuiu de maneira incisiva para que o portador de drogas fosse frequentemente encarado como criminoso. Dessa forma, a negligenciação do tratamento de dependentes químicos somada à condenação a sistemas carcerários extremamente precários são fatores que contribuem fortemente para a permanência desse imbróglio.  Ademais, analogamente ao que foi citado, é inquestionável a nocividade dessa dicotomia, a qual prioriza o direcionamento de verbas ao setor presidiário, subjugando a necessidade de investimento em medicamentação e acompanhamento de indivíduos inseridos nessa conjuntura. Assim como explica o médico Drauzio Varella, a dependência química é desencadeada por uma série de reações no cérebro humano. Nesse sentido, essa deve ser considerada e tratada como um distúrbio progressivo que, se não cuidado da forma devida, pode, de fato, levar a óbito.