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Enviada em: 30/05/2018

Desafios para o tratamento de dependentes químicos no Brasil   Na década de 80, nos guetos das metrópoles dos Estados Unidos, surgia uma nova droga, o crack. Um alucinógeno potente, barato, produzido com restos da cocaína, uma espécie de sub-produto. Rapidamente o crack se alastrou pelas cidades americanas e ganhou o mundo. Entrou no Brasil nos anos 90 e virou uma epidemia. É consumido aos olhos da sociedade nas cracolândias e até mesmo na zona rural.    A cegueira do poder público iluminou o avanço do consumo da droga. Sem medidas eficazes nos primeiros registros de apreensão do crack no Brasil, o entorpecente ganhou usuários que foram atraídos pelo poder viciante a baixo custo . A rápida dependência, fez do crack, um problema de saúde pública. A droga está presente em todos os níveis das classes sociais. Atinge quem detém o conhecimento, atinge a população à margem da sociedade.    As intervenções apresentadas pelo governo federal ainda se mostram tímidas. A liberação de 87 milhões de reais para compra de vagas em clínicas de recuperação, deve contemplar, em todo o país, vinte mil dependente químicos por ano. Um número insuficiente para atender a demanda das pessoas que precisam de atendimento clínico e psicológico. Famílias que vivem o drama de conviver com parentes que entraram para o mundo do vício, recorrem à justiça para garantir o tratamento dos dependentes, mas a internação compulsória é questionada por profissionais da saúde. Muitos afirmam que a cura passa pela vontade própria. Mas, em muitos casos, a vida do dependente químico e da família dele, está em risco. Não seria prudente forçar a internação?   É urgente promover políticas de atenção integral aos dependentes da droga e investir também em segurança pública. Há uma linha muito tênue entre o combate ao tráfico e o combate ao vício. O crack puxa uma cadeia de problemas sociais que passa pela violência urbana, degradação humana, conflitos familiares. As discussões sobre legalização das drogas no Brasil são rasas e desarticuladas. Podemos concluir que o caminho para uma solução séria no combate ao crack, passa pela união dos poderes executivo, legislativo, judiciário, igrejas, grupos voluntários. Passa por todos nós. Se insistirmos em desviar do problema mudando de calçada, tropeçaremos no descaso que corrobora para o avanço do crack. Há luz no fim do túnel, mas é preciso boa vontade para enxergá-la.