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Enviada em: 03/06/2018

A Teleologia, na visão de Marx, configura-se como o sentido da história, sem a qual as dinâmicas sociais não seriam concebidas. Dessarte, partindo desse pressuposto, os objetivos e finalidades das ações humanas tinham como ponto de partida, desde os períodos mais remotos da história, o bem comum. No entanto, os desafios para o tratamento de dependentes químicos no Brasil não se insere na ideia do filósofo, seja pela naturalização do problema ou pela própria falta de projetos consistentes, que nos remete a uma constante ideia de impossibilidade de confrontar essa adversidade.    É preciso considerar, primeiramente, que as políticas que vem sendo instituídas não passam de medidas paliativas. Nesse sentido, essas próprias idealizações são uma forma de contornar o problema na sua essência, que passa longe da mera ideia de busca de prazer. Diante disso, de acordo com o psiquiatra Carl Jung, as drogas surgem como uma forma de fuga da realidade, isto é, a possibilidade de se desvincilhar de uma realidade opressora, excludente e de falta de oportunidades. Essa definição parece se inserir, perfeitamente, no cotidiano de muitos brasileiros, que convivem, de acordo com o Coeficiente de Gini, que mede as desigualdades nos países, com um grande abismo social. Portanto, gastar milhões com projetos que buscam remediar o problema não é o caminho mais interessante.   Outrossim, não há no Brasil projetos consistentes que busquem resolver o problema no seu cerne. Nessa perspectiva, convivemos com uma ideia, herdada do período ditatorial, de que a repressão é o caminho mais correto para resolver um problema. No entanto, a política antidrogas brasileira é um claro exemplo de que medidas com vieses repressivos são projetos falidos e que não resolvem a situação. Isso porque essa política não diminuiu o consumo de entorpecentes no país, mas serviu para aumentar o número de presidiários no Brasil. Essa situação condicionou a necessidade de investimentos bilionários em novos presídios, e o que tinha como ponto de partida diminuir o número de consumidores de entorpecentes, serviu para escancarar uma crise penitenciária brasileira.   Urge, portanto, a proeminência de medidas eficazes para esse revés. Para tanto, cabe à escola e às ONGs, juntas, trabalharem, mediante palestras, discussões e até projetos educacionais referente às drogas, os problemas advindos do uso de substâncias químicas, maximizando a visão de mundo dos indivíduos e demonstrando que a educação não é uma forma de fugir da realidade, mas sim de modificá-la. Ademais, compete ao Estado mudar a sua forma de combater o problema, instituindo programas sociais de distribuição de renda, mudando impostos sobre a arrecadação tributária, pois essas seriam formas de diminuir as desigualdades que causam, muitas vezes, o aumento dessa mazela. Destarte, essa seria uma forma de retorno à concepção de Marx sobre sociedade.