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Enviada em: 05/06/2018

O tratamento de dependentes químicos no Brasil representa um desafio para a sociedade alienada e preconceituosa como a brasileira. O descaso estatal com essas pessoas e a visão inferiorizante que se tem dos viciados em drogas pode excluí-los e marginalizá-los do mundo. Por isso, esses desafios devem ser superados de imediato para que a Constituição Federal seja respeitada, no que diz respeito ao direito à saúde e à igualdade.  Em primeiro lugar, é importante ressaltar que uma das causas do problema está na ineficácia do Estado em proporcionar ofertas de tratamento adequado aos usuários de drogas. Segundo o filósofo Aristóteles, o equilíbrio social só é alcançado caso a política use a justiça para isso. Logo, quando se observa a realidade do país no que tange o tratamento dessas pessoas, percebe-se que o discurso do filósofo não é respeitado, haja visto que há apenas cerca de 250 CAPS (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) no país e falta profissionais qualificados nessas clínicas, além de o SUS não conseguir atender a demanda por tratamento que, segundo dados da revista Veja, cresceu cerca de 40 % nos últimos anos.  Em segundo lugar, destaca-se o preconceito social como impulsionador do problema. De acordo com Dalai Lama, a humanidade não pode sobreviver sem compaixão. Entretanto, observa-se que no Brasil, ainda persiste a falsa ideia de que dependentes químicos são loucos, apesar de 30% da população do país possuir algum parente dependente químico, segundo a Universidade Federal de São Paulo. Isso dificulta a perspectiva de cura dessas pessoas e reinserção social de ex viciados, o que faz perdurar a grande quantidade de usuários de drogas, que segundo o Portal IG são 5% dos brasileiros, sem vontade de se curar do vício.  É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir o tratamento de dependentes químicos no Brasil. Destarte, o Ministério da Saúde deve, junto ao Ministério do Trabalho, através de programas de capacitação profissional, prover o aumento do número de profissionais e clínicas especializadas no tratamento de dependentes químicos, visando a melhora na qualidade de tratamento e o aumento de casos tratados com sucesso. Ademais, a sociedade deve procurar se informar, por meio de ONG's, programas e palestras que combatem o vício em drogas através de medias socioeducativas e campanhas publicitárias, sobre a possibilidade de reintegração dos ex dependentes químicos ao meio social, o que aumentaria a perspectiva de cura daqueles que ainda se encontram no vício em drogas, além de mitigar o preconceito popular. Desse modo, a Constituição Federal seria respeitada e o tecido social se desprenderia de certos tabus que dificultam o tratamento adequado a essas pessoas.