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Enviada em: 10/06/2018

De acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), de 2012, o Brasil é responsável pelo consumo de 20% do mercado mundial de cocaína e derivados. Tal dado alarmante infere a ineficácia da política antidroga brasileira que objetiva-se no combate ao tráfico e pouco investimento no tratamento dos dependentes. Nesse contexto, verifica-se que reprimir a comercialização não é a melhor solução para tal problemática, pois não combate a sua causa raiz que é o desejo do consumo.  Um dos maiores impasses para o tratamento dos dependentes químicos no Brasil é os recursos insuficientes dos serviços terapêuticos públicos. Isso ocorre porque o investe-se muito em ações para eliminar o fornecimento das drogas que não surte tanto efeito, esse valor poderia ser revertido nas políticas de saúde pública de combate ao vício, que consiga atender toda demanda da população. É notório na realidade brasileira que grande parte das instituições terapêuticas são de iniciativa privada, com alto custo ou por meio de ONGs religiosas, exemplo que comprava a indisponibilidade de instituições pertencentes ao Sistema Único de Saúde (SUS). Como consequência do caminho equivocado do país, entende-se a medida que se investe financeiramente no combate ao tráfico, este ganha forças com aumento do número de viciados.  Concomitante aos recursos financeiros, o modelo terapêutico é um desafio para a cura do dependente químico. Isso decorre porque a dependência química é tratada como um transtorno mental tratando suas repercussões fisiológicas e psicológicas do dependente. Além disso, no Brasil a saúde pública adotou a política de redução de danos, com internação durante o dia para tratamento e ressocialização, entretanto, os pacientes que não possuem moradia ou apoio familiar retorno ao meio propício ao uso durante o não funcionamento do serviço. Consequentemente, verifica-se a recorrência do uso das substâncias químicas e não evolução do tratamento.  Torna-se evidente, portanto, que os desafios para o tratamento de dependentes químicos no Brasil são desfechos da falta de recursos e do modelo terapêutico adotado. Cabe, ao Estado em conjunto a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas com a repensar no modelo de combate as drogas no país, priorizando a segurança, mas principalmente a eliminação do desejo de consumo, investindo fortemente nas clínicas de recuperação gratuitas que suportem a demanda. Além disso, em parceria com o Ministério da Saúde deve proporcionar um modelo terapêutico eficaz contra a recorrência do uso, com ênfase no combate a vontade e não somente nas repercussões fisiológicas. Dessa forma, as drogas poderão ser banidas do território, uma vez que o consumidor perdeu o interesse nela.