Materiais:
Enviada em: 09/06/2018

O drama de um jovem que se inseriu no submundo das drogas são marcas do longa-metragem, O Diário de um Adolescente, que, já na década de 90, alertava para uma mazela social grave associado ao uso de drogas. Duas décadas mais tarde, pesquisa recente realizada pela Universidade Federal de São Paulo mostra a continuidade do problema: mais de 8 milhões de brasileiros possui alguma dependência química, principalmente pelo uso de cocaína, álcool e maconha. Como causas desse processo pode-se destacar: a ausência de preparo do sistema de saúde para o tratamento adequado aliada à precária capacitação de profissionais sobre o tema.       É necessário ressaltar, primeiramente, que o sistema de saúde público brasileiro possui uma estrutura desaparelhada e precária para a terapia de transtornos psíquicos. Esse processo é consequência, principalmente, da má gestão da reforma psiquiátrica, ocorrida em 2001. O antigo processo de tratamento de dependentes não foi devidamente substituído por um novo que auxiliasse os pacientes. Nesse sentido, o novo modelo, que previa a implantação dos centros de Atenção Psicossocial, não ocorreu de maneira total, acarretando na precariedade da atual atenção à saúde mental no país.        Ademais, a falta de profissionais capacitados para atuar na solução dessa problemática é outro fator que dificulta o processo de reabilitação. Tal fato é causado pela ausência da obrigatoriedade de disciplinas relacionadas ao tratamento de transtornos psíquicos nos cursos de área da saúde, que, aliada à falta de especializações e cursos ofertados para essa temática, impede a formação de profissionais que auxiliem e promovam a melhoria da qualidade de pessoas acometidas pelo vício.       Nesse ínterim, portanto, medidas são necessárias para a reverter este quadro. Cabe ao Estado, por meio do Ministério da Saúde, garantir a implementação de centros terapêuticos em todo o Brasil, com corpo clínico multifuncional e capacitado para o devido tratamento público. Soma-se a isso, o dever do Ministério da Educação, em parceria com as instituições públicas e privadas, em garantir a obrigatoriedade de disciplinas para formação de profissionais nesse tema, além de ofertar mais especializações, garantindo, assim, ampliação da capacitação de profissionais. Sob tal perspectiva, poder-se-á melhorar o acesso e qualidade da intervenção clínica nos dependentes.