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Enviada em: 11/06/2018

O número de dependentes químicos e as taxas de internação modificam-se de forma inversamente proporcional: à medida que o abuso de drogas aumenta substancialmente, a procura por tratamento reduz desde 2012. Esse problema decorre da desarticulação e  da ineficiência das esferas do Governo responsáveis, bem como da marginalização sofrida por esses cidadãos.    De fato, a assistência pública ao dependente químico é ínfima. O número de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad) no país - cerca de 250 - é insuficiente, o que, somado às deficiências na infraestrutura e no quadro de profissionais (psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, entre outros) explica o fracasso do tratamento, visto que apenas 25% o concluem. Ademais, a carência de comunidades terapêuticas conveniadas ao Governo e de leitos para desintoxicação em hospitais psiquiátricos inviabiliza a reabilitação dos usuários.    Outrossim, a falta de apoio social e familiar aos dependentes é um impasse para sua recuperação. Especialistas apontam que conversas e afeto são mais eficazes que o isolamento e a internação compulsória, já que, segundo um ex-usuário, as instituições públicas são vistas como fortificações por esse grupo. Por fim, a ausência de apoio psicológico e de instrução à família desses indivíduos, junto à escassez de políticas de ressocialização, como cursos profissionalizantes ou ofertas de emprego, contribuem com a marginalização desse público.    Portanto, para prestar uma maior auxílio aos dependentes químicos, o Governo deve agir em múltiplas esferas. A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas deve realizar um acordo com empresas privadas, as quais podem oferecer cotas para ex-usuários nas vagas de emprego, e, em troca, recebem um selo de responsabilidade social, que pode ser usado em ações publicitárias. Ainda assim, as Secretarias  Municipais de Ação Social podem oferecer cursos profissionalizantes nos centros de reabilitação, visando a uma melhor reintegração e recuperação desse grupo. Por fim, os municípios devem aumentar o número de CAPS ad e de convênios com centros terapêuticos, o que elevaria a taxa de internações.