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Enviada em: 11/06/2018

A obra intitulada "A morte de Ivan Ilitch", de Liev Tolstói, discorre a respeito da falta do senso de coletividade e crítica o individualismo. Apesar de toda subjetividade, a trama serve como um gancho para abordar sobre os obstáculos encontrados no tratamento de dependentes químicos no Brasil, a partir do momento em que é corroborada a dicotomia existente entre indivíduo e investimento. Dessa forma, discorrer sobre a problemática e seus impactos: eis um desafio à contemporaneidade.    É necessário considerar, antes de tudo, a resistência do usuário ao tratamento. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a dependência química é considerada um transtorno mental. A dificuldade de adesão ao tratamento é um problema, caracterizada pela necessidade compulsiva de usar substâncias lícitas ou ilícitas. É notório que o uso de substâncias químicas ocasiona um momento de "alívio" para o dependente, logo, a evasão encontrada em clínicas de reabilitação é ocasionada muitas vezes, pela dificuldade de manter a abstinência. Haja visto, que estatísticas demonstram uma taxa de 90% de reincidência ao uso das substâncias, conforme o Ministério Público.    Convém analisar, também, que o tratamento para os usuários apesar de crucial, não é prioridade. De acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, a modernidade líquida é marcada pela efemeridade e individualidade das relações. Nesse sentido, é fácil notar que o conceito de Bauman e a trama de Tolstói ratificam a dificuldade em um tratamento eficaz, seja pela falta de clínicas especializadas, tratamento médico ou outros serviços de apoio. Afinal, a desintoxicação por si mesma não cria um tratamento de reabilitação. Assim, como a ética kantiana que julga o dever importante, faz-se necessária resoluções para a restauração da integridade humana.    Fica claro, portanto, que medidas são necessárias para resolver esse impasse. O Ministério da Saúde deve ampliar seus investimentos, a fim de criar clínicas terapêuticas, centros de apoio e contratar profissionais especializados para atuarem ativamente na recuperação dos dependentes. É também, de suma importância que a mídia juntamente com cooperativas possam se envolver difundindo valores e criando campanhas antidrogas, por meio da ficção engajada. Dessa forma, haverá a mobilização de um todo a fim de superar algo tão latente na liquidez de Bauman.