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Enviada em: 12/06/2018

A obra intitulada "A Morte de Ivan Ilitch", de Liev Tolstói, discorre a respeito da falta do senso de coletividade e crítica o individualismo. Apesar de toda a subjetividade, a trama serve como um gancho para abordar sobre os obstáculos encontrados no tratamento de dependentes químicos no Brasil, a partir do momento em que é corroborada a dicotomia existente entre indivíduo e investimento. Nesse sentido, faz-se necessária uma análise desse hábito nocivo, porém já enraizado, além de soluções para combatê-lo.     É necessário considerar, antes de tudo, a resistência do usuário ao tratamento. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a dependência química é considerada um transtorno mental. Ademais, a dificuldade de adesão ao recurso terapêutico é um problema, caracterizado pela necessidade compulsiva de usar substâncias lícitas ou ilícitas. Além disso, o uso de substâncias químicas ocasiona um momento de "alívio" para o dependente, logo, a evasão somada à dificuldade de manter a abstinência, é comum em clínicas de reabilitação. Haja vista que estatísticas demonstram uma taxa de 90% de reincidência ao uso das substâncias, conforme o Ministério Público.     Convém analisar, também, que o tratamento para os usuários, apesar de crucial, não é prioridade. De acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, a modernidade líquida é marcada pela efemeridade e individualidade das relações. Nesse sentido, é fácil notar a dificuldade em um tratamento eficaz. Atualmente, estima-se que haja mais de três mil casas terapêuticas no Brasil. Entretanto, a falta de apoio financeiro, qualificação profissional, apoio familiar e até mesmo de um sistema público eficiente, configuram-se em exemplos que ratificam os empecilhos encontrados na liquidez de Bauman. Afinal, a desintoxicação por si mesma não cria uma visão de reabilitação, e demanda cuidados que vão além dos médicos.     Fica claro, portanto, assim como a ética kantiana julga o dever importante, fazem-se necessárias resoluções para a restauração da integridade humana. O Ministério da Saúde deve ampliar seus investimentos, a fim de criar clínicas terapêuticas, centros de apoio e contratar profissionais especializados para atuarem na recuperação dos dependentes. É também de suma importância que a mídia, juntamente com cooperativas, possam se envolver difundindo valores e criando campanhas antidrogas, na tentativa de reforçar a mensagem do quão nocivo é o consumo de tais substâncias. Dessa forma, haverá a mobilização de um todo, a fim de superar algo tão latente abordada como gancho na obra de Tolstói.