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Enviada em: 07/07/2018

O governo federal brasileiro tem investido, nos últimos anos, bilhões de reais em programas públicos e entidades que acolhem dependentes químicos, com o objetivo de solucionar o problema que está atormentando o país, o crescimento do mercado de drogas ilícitas e da quantidade de dependentes químicos. Mas antes de tarjar essas medidas como soluções para o problema, é necessário fazer a seguinte pergunta: Estamos resolvendo o problema ou só tentando impedir o seu crescimento?       Segundo o ilustre psicólogo Bruce Alexander, estamos tratando a dependência química de forma errada, como se o uso fosse integralmente responsável pela dependência que o segue. Em seus estudos, o psicólogo mostra e defende a ligação entre situações de vida infelizes e a dependência química. O estudo aponta o ser humano como um ser social, que necessita de conexões com outros indivíduos, e que quando impossibilitado de realizar tais conexões, recorre às drogas como meio de obtenção de um sentimento de completude.       Outro fator importante é a questão da qualidade de vida de muitos brasileiros, que é agravada pelo cenário atual de crises no país e os altos índices de desemprego. Friedrich Nietzsche defende, no seu livro "Crepúsculo dos Ídolos", que o desejo por algo diferente é resultado do instinto de calúnia e de receio, ou seja, que pode ser causada por situações de instabilidade ou de infelicidade. Essas situações fazem parte do cotidiano dos vários brasileiros que sofrem com a falta de empregos, e com todas as outras crises que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos, e que podem ver a utilização de drogas ilícitas e lícitas como forma de liberação de uma situação de vida infeliz.       Sendo assim, fica notável que as medidas que estão sendo tomadas pelo governo federal servem como boas medidas amenizadoras de curto prazo, mas não solucionam o problema. A longo prazo, é necessário um grande investimento no bem estar social, tanto pelo governo quanto pela população, que precisa parar de isolar dependentes do convívio social.