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Enviada em: 28/06/2018

Drogas: um atraso da sociedade      Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa os desafios para o tratamento de dependentes químicos, no Brasil, hodiernamente, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejável na prática e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pelo abandono dos usuários de drogas, seja pelas políticas públicas que buscam mascarar a questão em si.       É indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas do problema. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, o fato de muitas famílias abandonarem seus parentes usuários - com o errôneo pensamento de que não há como ajudá-los - rompe essa harmonia.       Outrossim, destacam-se as políticas públicas como impulsionadoras do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, o pseudo fim da cracolândia (denominação popular a uma área de São Paulo onde diversos usuários de drogas, principalmente crack, se reúnem) promovido pelo ex-prefeito da cidade, João Dória, não resolveu a causa do problema, mas sim sua consequência, por isso não pode ser considerado um fato social, visto que não foi um ato altruísta, apenas uma maneira de ocultar o problema, visando uma possível reeleição, assim como muitas das políticas públicas o são.       É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo melhor. Destarte, o governo deve ampliar programas como o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), promovendo um maior alcance e uma maior interação com pueris e com adolescentes, para que assim, desde mais novos, os indivíduos cresçam sem o desejo de se envolverem com drogas. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC) deve instituir, nas escolas, palestras ministradas por psicólogos, que discutam o combate à dependência química, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria de Platão.