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Enviada em: 04/07/2018

Os dependentes químicos devem ter acesso ao tratamento como cumprimento do seu direito à saúde. Contudo, a criminalização das drogas e seus efeitos aliado à inúmeras carências do sistema público seja no planejamento, seja na execução de projetos, inviabiliza e retrocede o tratamento dos dependentes químicos.      A concepção de criminalidade ancorada no uso de drogas inviabiliza o tratamento adequado aos seus dependentes. Segundo a ONG Human Rights o índice de presos aumentou 85% pois usuários de drogas estão sendo presos como traficantes, dessa forma, eles não buscam auxílio público para o tratamento da dependência por receio à punição do sistema penal. Além disso, a criminalização das drogas faz com que sejam gastos muitos investimentos no combate ao tráfico- segundo o Senad aproximadamente R$3,6 bilhões de reais em 4 anos- os quais poderiam ser utilizados no tratamento de dependentes químicos. Nesse contexto, é necessário encarar as drogas como um problema de saúde, e não somente de segurança.     A dependência química deve ser tratada de forma integral para a recuperação completa, e não apenas dos sintomas. A partir disso, encontra-se o maior desafio brasileiro: a ausência de meios para tratar os dependentes químicos, visto que, segundo a OMS o SUS disponibiliza apenas 0,34% dos leitos necessários a dependentes químicos. Ademais, há despreparo profissional para desempenho de recuperação que abranja o bem estar físico, social e psicológico do usuário, tanto em hospitais, quanto em comunidades terapêuticas. Além disso, o tratamento forçado e a maneira desrespeitosa da abordagem do usuário para o tratamento compromete o engajamento desses na recuperação, como ocorreu na “limpeza da cracolândia” que não solucionou a dependência química.    Os usuários de entorpecentes devem ter acesso a um tratamento digno e respeitoso com sua dignidade humana. Logo, as drogas devem ser legalizadas, e o dinheiro que iria para seu combate ser destinado à criação de infraestrutura específica, como clínicas, para o tratamento desses. Ademais, contratar profissionais das diversas áreas da saúde e disponibilizar a eles cursos com orientações visando aperfeiçoar o tratamento e a recuperação, especialmente, psicólogos para conversar e promover a aceitação dos dependentes ao tratamento.