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Enviada em: 05/07/2018

No Brasil do terceiro milênio, a busca pela recuperação física e psicológica de dependentes químicos e pela reincorporação social desses ainda não possui prevalência no arranjo orçamentário governamental e no contexto sociocultural da nação, sendo o uso de drogas ainda uma epidemia nacional.Nessa perspectiva,a heterogeneidade no oferecimento de tratamento para usuários de drogas ao longo do país e a falta de integral acompanhamento familiar na reabilitação dos indivíduos são grandes entraves à promoção do bem-estar de usuários de entorpecentes.       De fato, segundo dados do Ministério da Saúde,o Brasil só dispõe de 0,34% dos leitos que seriam necessários para a sua população,sendo insuficientes e desigualmente distribuídos os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas, os Caps-AD.Isso evidencia um grande déficit na saúde pública nacional,a qual ainda não faz uso generalizado de modos de intervenção multiprofissional,haja vista a falta,também,de profissionais qualificados para tratar dependentes químicos.Assim, a grande maioria dos afetados são inseridos em indigentes comunidades terapêuticas,as quais,muitas vezes, carecem de regularização e fiscalização do Estado,sendo vistos abusos de várias facetas em tais centros,de acordo com relatórios da 4° Inspeção Nacional de Direitos Humanos.       Outrossim,várias famílias abandonam seus consanguíneos em centros de reabilitação como forma de libertação individual do problema,desamparando os adictos durante e após o tratamento,os quais ficam mais propensos a recaídas,dificultando,ainda,a realocação social desses na obtenção de emprego e novas oportunidades.Dessa forma,sem apoio,tais seres são submetidos ao desprezo e ao olhar julgador da sociedade, contribuindo para a formação de zonas como a Cracolândia, no centro de São Paulo, a qual abriga uma feira aberta de crack composta por cerca de 2000 pessoas,incluindo crianças,jovens,adultos e idosos,inseridos num contexto comunitário de exclusão e falta de perspectiva.       Portanto,com o fito obliterar os quesitos que impedem a eficácia e existência de tratamentos para dependentes químicos no Brasil, é vital que o Governo destine verbas mais encorpadas para a inserção homogênea de Caps-AD no Brasil, introduzindo, também, programas para formação de  mais profissionais especializados na área, além de monitorar com maior veemência comunidades terapêuticas,a fim de garantir que os direitos humanos dos pacientes sejam resguardados. Ademais,é vital que as famílias auxiliem continuamente no processo de aderência terapêutica por parte dos dependentes químicos,dando suporte emocional,principalmente.Assim,o Ministério da Saúde deve fornecer maiores esclarecimentos acerca do papel do seio familiar na retomada da ordem psíquica e física dos afetados, propondo palestras sobre o tema em centros públicos e postos de saúde.