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Enviada em: 06/07/2018

De acordo com o Ministério da Saúde, o número de internações por uso de drogas ilícitas caiu drasticamente, em três anos, de 72 mil para 53 mil internações mesmo sendo crescente o número de dependentes. Tal dado alarmante revela a existência de desafios no que tange ao tratamento de dependentes químicos no país. Nessa perspectiva, torna-se pertinente discutir não somente a pouca atuação da União, mas também a discriminação da sociedade em relação a essa parcela da população.       O descaso estatal perante a dura realidade dos dependentes químicos é, sem dúvida, um grande entrave. A prova e exemplo disso está na insana atitude tomada por João Dória, prefeito de São Paulo, que repercutiu nacionalmente, ao expulsar os usuários de drogas que se aglomeravam e sobrevivam vulneravelmente em uma determinada região da cidade, popularmente conhecida como cracolândia. Nesse contexto, ações preocupantes como essas revelam o posicionamento negligente do governo diante desse complexo problema de saúde pública. Dessa forma, percebe-se que o poder público que deveria  acolher e ofertar através do Sistema Único de Saúde(SUS) tratamentos para sanar as mazelas enfrentadas pelos dependentes falha em seu papel.                Tal problemática perpassa também pelo preconceito disseminado na sociedade civil. Nesse sentido, a afirmação feita pelo presidente democrata norte-americano, John Kennedy, em 1961: "não perguntem o que seu país pode fazer por vocês, mas o que vocês podem fazer pelo seu país " se faz atual e ratifica o necessário engajamento da população no enfrentamento de questões sociais como é o tratamento de dependentes químicos. Perante o equívoco cometido pela população em rotular e julgar o cidadão dependente de álcool e outras drogas fica nítido que isso, em grande medida, institui-se como uma barreira para o tratamento dos mesmos, uma vez não há como tratar algo ou alguém que é marginalizado.       Portanto, diante dos fatos discutidos é importante que poder público e coletividade se unam objetivando vencer esses desafios. Para tanto, é necessário que as ONGs que militam nessa área, pressionem a União, por meio de passeatas e petições, a desenvolver programas de acolhimento em municípios com maior índice de dependentes e implantação de clínicas públicas de desintoxicação em todas os estados, a fim de possibilitar um tratamento mais humano e menos agressivo. Ademais, é imprescindível que a escola trabalhe a temática como um problema de saúde pública desconstruindo todos os preconceitos, com o intuito de diminuir os tabus que dificultam o tratamento. Em suma,  faz- se necessário uma ação conjunta entre os distintos atores sociais para enfim mudar positivamente as estatísticas do Ministério da Saúde.