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Enviada em: 01/10/2018

Segundo Francis Bacon, o comportamento humano é contagioso e se torna enraizado e frequente à medida em que se reproduz. Isso explica o crescimento epidêmico de usuários de drogas no Brasil. Por isso, tem-se o crescimento da violência, da pobreza, da evasão escolar, e do tráfico de drogas. No entanto, tratar a dependência química no país não é tão simples e será necessário superar diversos desafios, dentre eles: o ineficaz acesso ao tratamento, que não abrange os mais de meio milhão de dependentes químicos; e a errônea uniformização desse, que provoca o retorno de pacientes às drogas e provoca o sentimento de impossibilidade de recuperação.     Em primeiro lugar, deve-se ter em mente que, segundo pesquisas realizadas pelo MS, há vagas de tratamento de dependência química para menos de 80 mil pessoas, enquanto o número de usuários de droga passa de 600 mil. Ou seja, em um cenário ideal, no qual todos os usuários procurem reabilitação, não haveria vagas para todos. Insta salientar que a Associação Brasileira de Psiquiatria avalia o tratamento como um processo de 3 partes, sendo necessária, na última, manutenção prolongada, já que não se trata de uma doença da qual o paciente será considerado curado. Portanto, nota-se a clara ineficácia do acesso ao tratamento mencionado, que tornam as vagas extremamente concorridas.       Em segundo lugar, é preciso inteirar-se sobre as etapas a serem realizadas para tratar a dependência química: desintoxicação, diagnóstico e controle. Enquanto o primeiro, segundo a ABP, pode ser feito tanto em hospitais, quanto em casa, por amigos e familiares; o segundo é vital para a manutenção da sobriedade, visto que serão diagnosticados os fatores que levaram o paciente a procurar as drogas e, à partir daí, tratá-lo com terapia familiar ou vocacional, por exemplo. Terminados os dois primeiros, o terceiro se refere ao controle da dependência, fase que exige manutenção e pode vir acompanhada de medicamentos. Tendo em vista o exposto, não se pode utilizar uma receita que funcione com todos os pacientes, visto que diagnósticos diferentes geram tratamentos diferentes.    Com isso, para que seja possível transpassar esses desafios, o Ministério da Saúde, junto à Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad) deve investir na ampliação programas como o lançado em 2018 - contratação de entidades privadas para tratamento de dependentes químicos -, assim como na criação de mais Centros de Referência de Saúde Mental (Cersam), a fim de ampliar o acesso às comunidades terapêuticas. Além disso, o Governo Federal junto ao Ministério da Saúde, deve investir em capacitação dos profissionais em tratamento de dependentes químicos, para que possa ser realizado um trabalho personalizado com cada paciente, visando extrair o motivo do abuso da substância e o tratamento eficaz da doença psicossocial.