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Enviada em: 07/08/2018

A Declaração Universal dos Direitos Humanos assegura a todos os indivíduos o direito ao bem-estar social. Entretanto, em relação ao tratamento de dependentes químicos, o Brasil tem negligenciado essa determinação, além de ser, hoje, o segundo maior mercado consumidor de entorpecentes da América do Sul. Nesse contexto, faz-se necessário analisar não só os desafios existentes para o tratamento de usuários de drogas no Brasil, mas também buscar meios para mitigar a situação.       A princípio, cabe destacar a falta de investimento público como um dos principais obstáculos para a existência do tratamento devido. Isso porque esse tópico é pouco assistido pelos governantes, por não ser uma política populista que lhes gera votos. Ademais, há também preconceito, por parte da população, no que diz respeito ao tratamento dos viciados já que, erroneamente, muitos ainda tratam o assunto como 'questão de polícia' e não como de saúde pública. Sob essa perspectiva, de acordo com Jonh Locke, o Estado viola o contrato social, pois não garante que seus cidadãos usufruam de saúde de qualidade, que é um direito do povo e dever governamental. Consequentemente, tem-se um número ínfimo de centros de tratamento públicos. Nesse cenário, um dos poucos locais bem sucedidos é o Centro de Saúde Mental- Álcool e Drogas, que funciona em Minas Gerais, e que prova, estatisticamente, que é possível e benéfico à população em geral, reinserir socialmente os usuários.       Outrossim, existe também a dificuldade de os próprios dependentes químicos iniciarem e persistirem nos tratamentos. Isso ocorre pois, no contexto de imediatismo atual -ideia proposta pelo sociólogo Zigmunt Bauman- as drogas servem como uma válvula de escape para o estresse e para os problemas do cotidiano. Além disso, de acordo com o Dr Dráuzio Varella o tratamento só é eficaz se o usuário conseguir se desvencilhar de qualquer local ou pessoa que lhe remeta às drogas. Somados, esses aspectos tornam ainda mais complicado abandonar o vício. Por conseguinte, tem-se um número expressivo de dependentes químicos que não conseguem se tratar e isso se reflete diretamente no aumento da violência urbana e da criminalidade, principalmente relacionada ao narcotráfico.      Torna-se evidente, portanto, que o tratamento de dependentes químicos no Brasil é falho, e medidas são necessárias para resolver o impasse. Primeiramente, é dever do governo, em parceria com a iniciativa privada, investir na criação de centros de tratamento para usuários, que promovam  a reinserção desses no corpo social mediante uso de medicamentos específicos e terapias relacionadas a arte, estudo e trabalho; isso com o fito de recuperar os indivíduos e, simultaneamente, oferecer-lhes uma forma de sustento. A mídia, por sua vez, deve exibir campanhas para a prevenção do uso de drogas, ao expor os malefícios que os entorpecentes geram. Isso para que todos possam ter bem-estar.