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Enviada em: 04/09/2018

Não são poucos os fatores envolvidos na discussão acerca dos desafios para o tratamento de dependentes químicos no Brasil. Segundo Marquês de Maricá, filósofo e político brasileiro, não há escravidão pior que a dos vícios. Nessa lógica, observa-se coerência com o pressuposto na contemporaneidade, uma vez que inúmeros indivíduos buscam incessantemente a desintoxicação. Logo, a fim de compreender o problema e alcançar melhorias, basta analisar como a falta de políticas públicas e a discriminação social influem negativamente nessa conjuntura.    Em primeiro lugar, vale ressaltar que o Artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos assegura à todo cidadão a saúde como direito fundamental. Contudo, isso não acontece na realidade, haja vista que os investimentos governamentais destinados ao abuso de substâncias químicas concentram-se em políticas contra o uso de drogas. Por conseguinte, as verbas destinadas à esfera do tratamento são insuficientes, inviabilizando a criação de centros de apoio, contratação de profissionais e compra de medicamentos. Para ilustrar, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil oferece 0,34% dos leitos que seriam necessários para o tratamento de dependentes químicos. Assim, nota-se que os empecilhos atuais são resultantes de um Governo negligente com o corpo social.     Ainda nessa questão, é fundamental pontuar que o preconceito contra usuários de drogas é um entrave para um tratamento adequado. Vale salientar que, isso advém do desconhecimento social da dependência química como doença, proporcionando uma banalização do problema e a marginalização do indivíduo. Para corroborar, segundo pesquisa de opinião realizada pela Fundação Perseu Abramo, entre as pessoas que o brasileiro menos gostaria de encontrar na rua, viciados em drogas aparecem em primeiro lugar. Isto posto, percebe-se conformidade com o ideal do filósofo Émile Durkheim, o qual diz que a consciência coletiva é responsável pela desintegração da sociedade, tendo em vista que a imprecisa associação populacional do viciado ao crime dificulta o tratamento e a aceitação da doença.   Nesse sentido, ficam evidentes, portanto, os elementos que colaboram com o atual quadro negativo do país. Ao Governo Federal, por meio da redistribuição das verbas da saúde, cabe a inserção de um número maior de profissionais no Sistema Único de Saúde e a construção e manutenção de centros de tratamento em todos os polos regionais do país, a fim de tornar possível e acessível um tratamento adequado aos dependentes químicos. É imprescindível, também, que o Ministério da Saúde elabore campanhas sociais e palestras públicas com profissionais da área da saúde, direcionadas à população, sobre a dependência química, seus estigmas e as formas de auxílio e tratamento, com o objetivo de possibilitar o acesso à informação e erradicar o preconceito proeminente na sociedade.