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Enviada em: 22/08/2018

A situação dos dependentes químicos remete ao que o escritor Jean Baudrillard abordou em “À sombra das minorias silenciosas”, com a visão de uma sociedade irracional e segregada. Analogamente, a indiferença humana em torno da área social estabelece limites nas relações entre os homens. Essa negligência afeta, inclusive, os grupos minorizados e excluídos da sociedade. É nesse viés que a problemática dos desafios para tratar dependentes químicos aponta os desvios comportamentais da população nos atuais paradigmas do Brasil.      As dificuldades de tratamento para esses indivíduos, certamente, podem ser analisadas sob perspectivas sociais e humanas, tendo em vista que se tornaram reflexos da perpetuação do individualismo no tecido social brasileiro. A condição financeira da família do dependente químico influencia, consideravelmente, no tratamento do indivíduo, já que a maioria das internações exigem um retorno financeiro mensal. Devido a isso, a família não procura por outras soluções, como uma ajuda externa, por exemplo. Dessa forma, percebe-se, na área social uma falência de ideologias provenientes de um abandono social. Não estaria, então, a falta de consciência coletiva contrapondo a vida social?       Irrefutavelmente, a indiferença da população diante da situação dos dependentes químicos destaca como os indivíduos, de maneira inconsciente, são influenciados pela própria sociedade. A negação da família ou do próprio indivíduo é um fator que impede o tratamento do dependente. O adiamento no tratamento pode agravar os efeitos do vício, sejam eles físicos ou mentais. Sob esse contexto, é certo declarar que a população brasileira apresenta uma completa inversão de valores. Dessa maneira, ao analisar os desafios para tratar um dependente químico, pode-se dizer que há uma relação de interdependência entre o indivíduo e a sociedade, como teorizado pelo sociólogo alemão Norbert Elias.       Fica evidente, portanto, que os preceitos elementares entre indivíduo e sociedade, assegurados pela teia de interdependência de Elias, devem ser explorados de forma que a população brasileira adquira novos valores de cidadania em torno da situação dos dependentes químicos. Nessa perspectiva, faz-se necessário que o Ministério da Educação promova a criação de vídeos e de enquetes, por meio de plataformas digitais, com discussões e debates desenvolvidos por estudantes universitários sobre os desafios para tratar um dependente químico, com o intuito de despertar a preocupação e o conhecimento dos brasileiros. Como dizia Skinner, autor norte-americano, a educação sobrevive mesmo quando todo o resto aprendido é esquecido.