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Enviada em: 24/08/2018

Desde o iluminismo, a sociedade só progride quando cada um se mobiliza pelo problema do outro. Entretanto, quando se observam os desafios para o tratamento de dependentes químicos no Brasil, constata-se que esse ideal iluminista só funciona na teoria e não desejavelmente na prática. Com isso, surge a problemática do tratamento de dependentes químicos, seja pela insuficiência de políticas públicas, seja pela cultura individualista moderna.       Em primeira análise, é preciso destacar que os investimentos governamentais que se refere às substâncias químicas estão focados na punição como solução, constituindo uma política de “guerra às drogas”. Entretanto, tal preferência acarreta a insuficiência de verbas destinadas à esfera do tratamento, manifestando-se no precário número de centros de reabilitação. Com isso, os dependentes enfrentam obstáculos para minimizar o problema e, assim, o corpo social não funciona harmonicamente como deveria, conforme o sociólogo Émile Durkheim. Outrossim, é importante ressaltar o individualismo social como um agente que corrobora para a problemática. Segundo Bauman, sociólogo polonês, o individualismo tornou-se característico do mundo moderno, ocupando o lugar do coletivismo e da solidariedade, produzindo, assim, um distanciamento entre as pessoas. Esse aspecto da sociedade contemporânea submete o homem a angústias que acabam levando-o a recorrer às drogas como refúgio. Diante disso, a sociedade ainda mantém um preconceito com os usuários, considerando-os patológicos e preferindo isolá-los. Consequentemente, não há tanto a consciência individual como o incentivo coletivo para que haja a procura de tratamento, o que impõe limites à efetividade desse mecanismo. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de medidas que mitiguem os desafios do tratamento de dependentes químicos no Brasil. Desse modo, o Governo deve, por meio de programas assistenciais, destinar mais verbas para a área de saúde dos viciados, a fim de que haja a construção e manutenção de centros de tratamento em todos os polos regionais do país. Além disso, cabe ao Ministério da Educação, por meio de palestras e campanhas publicitárias, incentivar o coletivismo no país, o que culminaria em um ambiente mais receptivo e, consequentemente, em menor necessidade de fuga da realidade. Ademais, é essencial que a iniciativa privada, por meio de financiamentos, passe a auxiliar as ONGs destinadas ao tratamento de viciados, para que, desse modo, esses indivíduos possam ser reinseridos na sociedade.