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Enviada em: 26/08/2018

O filósofo Epicuro, no período helenista, configurou os prazeres momentâneos não moderados, como o uso de substâncias psicoativas, em atos que acarretam situações dolorosas e indesejáveis. Com efeito, as clínicas de reabilitação contemporâneas possuem reflexo na filosofia epicurista à medida que objetivam reverter casos de dependência química, mapa o qual depara-se com indivíduos sem apoio familiar, instabilidade financeira e pressão social. Dessa forma, há urgência em contornar tais empecilhos provocados pelo uso de álcool e drogas ilícitas.     Em primeira análise, é mister a compreensão dos desafios que compõem o tratamento de dependentes químicos. Em síntese, sabe-se que os indivíduos compulsivos ao uso de drogas e álcool, geralmente, possuem pouca estabilidade financeira, como observado na Cracolândia, em São Paulo, de modo a estarem impossibilitados de financiar tratamentos químicos em redes de atendimento. Somado a isso, o emprego equivocado de medicamentos em comunidades terapêuticas leva a possibilidade de ocorrer recaídas em pacientes, haja vista que cada indivíduo possui uma dependência específica e reage somente a determinados tratamentos. Com isso, a atenção a esses indivíduos é essencial para uma efetiva recuperação física e emocional.      Nesse viés, é notório que o apoio familiar e boas influências tornam-se imprescindíveis em meio ao tratamento químico. Ocorre, entretanto, que tal coletividade é pouco explorada em clínicas de reabilitação, uma vez que grupos de convívio afastam-se do dependente, o que dificulta o processo pois a esfera psicoemocional do indivíduo é deturpada, situação a qual alavanca a desistência terapêutica. Apesar disso, pesquisas do Ministério da Saúde indicam uma redução no número de internações por uso de drogas ilícitas, decréscimo de cerca de 8700 casos entre 2014 e 2015. Esses resultados, porém, seriam mais baixos se os órgãos governamentais e a sociedade trabalhasse em conjunto.      Fica clara, portanto, a necessidade de medidas que aniquilem os desafios enfrentados por dependentes químicos. Para tal objetivo, o Ministério da Saúde precisa criar espaços de reabilitação química, com o uso de recursos desviados em atos de corrupção, que possam realocar os indivíduos da Cracolândia, os quais devem possuir assistência médica e psicológica, a fim de garantir a essas pessoas o acesso à saúde e dignas condições de vida; além de instruir noções de conduta à clínicas de reabilitação, para que mais cidadãos sejam beneficiados. Em consonância, familiares e colegas de dependentes químicos devem apoia-los em meio a situações de abstinência e problemas psicoemocionais, para que as consequências de prazeres instantâneos seja amenizadas.