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Enviada em: 02/09/2018

O filósofo Francis Bacon, em um de seus conceitos, afirma que o comportamento humano é contagioso – torna-se enraizado e frequente à medida em que se reproduz – o que pode ser observado no grande número de usuários de drogas no Brasil, levantando a questão da necessidade de tratamento dos dependentes. Todavia, tal procedimento não é realizado de forma efetiva, dificultando a adequada reinserção do dependente na sociedade e, com isso, a execução de sua cidadania. Nesse âmbito, analisa-se que essa problemática é sustentada, sobretudo, pela insuficiência nas políticas públicas e na procura por cuidados médicos. Hodiernamente, os investimentos governamentais que se referem ao abuso de substâncias químicas estão focadas na punição como solução, tomando como base a política de “guerra às drogas”. Entretanto, tal preferência acarreta na insuficiência de verbas destinadas à esfera do tratamento, dificultando tanto os aspectos quantitativos – número de centros, profissionais, medicamentos – quanto os qualitativos – pesquisas científicas, qualidade estrutural – de instituições para assistência a, por exemplo, alcoólatras e usuários de crack e cocaína. Com isso, os dependentes enfrentam obstáculos para minimizar o problema e, assim, o corpo social não funciona harmonicamente como deveria, conforme o sociólogo Émile Durkheim.Outrossim, a falta de socialização e sociabilidade – princípios básicos de convívio coletivo de acordo com Durkheim – e a individualidade típica da sociedade moderna – conforme Zygmunt Bauman – são fatores que submetem o homem a angústias – financeiras, psicológicas, sociais – levando-o a recorrer às drogas como refúgio. Diante disso, a sociedade ainda mantém um preconceito com os usuários, considerando-os patológicos e preferindo isolá-los. Consequentemente, não há tanto a consciência individual como o incentivo coletivo para que haja a procura de tratamento, o que impõe limites à efetividade desse mecanismo.