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Enviada em: 08/09/2018

Desde o fatídico dia em que Ana Maria Braga interrompeu a sua programação para transmitir a tomada do Morro do Alemão por policiais, o que resultou na prisão de mais de 20 traficantes, notícias sobre tráfico de drogas e campanhas contra o seu uso tornaram-se corriqueiras e diárias. Todos possuem entendimento que a adicção por entorpecentes é uma triste realidade brasileira, contudo, são poucos que percebem o tamanho da precariedade do sistema de recuperação desses doentes.       O modo que é abordado o vício em drogas, tanto pela sociedade em geral quanto pela legislação, pode, muitas vezes, ser errôneo. Trata-se o adicto como criminoso e, até dois anos atrás, propunha-se pena de reclusão em cárcere para o usuário que estivesse portando alguma substância do tipo, sendo que a pessoa que consome o alucinógeno tem uma doença que deve ser tratada com seriedade. A punição é necessária, mas deve ser aplicada majoritariamente e com o devido rigor sobre quem vende as drogas, e não sobre quem é o maior prejudicado pela disseminação das mesmas.        Outrossim, a falta de estrutura da rede pública para o tratamento de dependentes químicos se torna um grande empecilho na recuperação de tais pessoas. Para um indivíduo que decide abandonar o mundo das drogas, não encontrar tratamentos acessíveis ou ter que esperar semanas para uma consulta com um profissional qualificado são situações que tem um poder de desencorajamento imenso e fazem com que o usuário, por vezes, decida voltar ao mundo da ilegalidade e do vício.        Com base nos argumentos aqui apresentados, observa-se a necessidade de diversas medidas de apoio que atenuem os desafios enfrentados pelo doente que procura tratamento. No âmbito governamental, é visível a imprescindibilidade de comprometimento em investir cada vez mais em qualificação profissional, por meio de universidades, e em hospitais e clínicas psiquiátricas que ofereçam todo o apoio necessário a quem precisa.       Já na parte que não envolve o governo, cabe às ONGs de todo o país promoverem palestras e programas que ofereçam informações sobre onde conseguir tratamento e que ajudem e conduzam o ex-viciado para uma reinserção adequada à sociedade e ao mercado de trabalho. Com essas ações é possível, indubitavelmente, minimizar o sofrimento de milhões de adictos que vivem pelas ruas de todo o Brasil.