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Enviada em: 16/10/2018

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a dependência química é caracterizada como um transtorno mental progressivo, além de um problema social. No Brasil, a questão tem sido alvo de discussões entre autoridades e é considerada um entrave para o sistema de saúde pública atual. Sob essa ótica, encontram-se os desafios para o tratamento de dependentes químicos, quadro que é fruto, principalmente, da má conduta pelos agentes capacitados na área da saúde e da inoperância estatal frente à questão.     Convém ressaltar, a princípio, que a negligência por parte dos profissionais de saúde caracteriza-se como um empecilho à recuperação dos dependentes. Isso porque, durante a triagem nos prontos-socorros dos hospitais, é comum que os profissionais ajam com discriminação e releguem a segundo plano os drogados, mesmo que tenham sintomas graves. Além disso, se, ao ser atendido, o histórico de dependência é ignorado, a probabilidade de o indivíduo ser encaminhado a um tratamento é praticamente nula. Nesse sentido, uma melhor preparação dos profissionais de saúde para lidar com essa parcela da sociedade é fundamental para transpor as barreiras à garantia de reabilitação aos dependentes.     Somado a isso, a falta de recursos destinados às clínicas e hospitais de internação é fator que agrava a mazela. Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), são compostos apenas por uma enfermeira, uma psicóloga e uma assistente social. Assim, pela dependência estar associada à doenças como a esquizofrenia, o transtorno bipolar, às psicopatias, além de crises convulsivas e overdoses, os centros deveriam estar  aparelhados para a desintoxicação, emergências e acidentes, que exigem atendimento médico especializado, o que na prática não é ofertado. Nessa perspectiva, a ausência de recursos materiais e humanos evidencia a ineficácia estatal em sua gestão de recursos, e a resignação da população, aliada ao silêncio da mídia perante a questão, tende a agravar o exposto.     Infere-se, portanto, que para que haja melhorias na oferta de tratamento a dependentes, entraves devem ser revertidos. Assim, o Estado deve investir na formação especializada em dependência química dos profissionais de saúde, mediante oferta de congressos e pós-graduações que visem o aprofundamento do tema e, consequentemente, melhor cuidado dessa parcela estigmatizada da população. Além disso, o mesmo deve redirecionar mais recursos às Secretarias de Saúde, de modo a melhorar a infraestrutura ofertada nos tratamentos. Por fim, a mídia e população devem agir em conjunto, promovendo campanhas e protestos nas ruas e redes sociais, a fim de minimizar a mazela.